Amigos
e amigas,
Antes de apresentarmos o texto, uma rápida
notícia. Por motivos profissionais, estarei na região do Cariri, duas semanas por
mês, pelos menos, até o fim do ano; por isso organizaremos um grupo de estudo - Espiritismo
e Mediunidade - semelhante ao de Fortaleza. Quem estiver interessado entre em
contato conosco por e-mail.
Grande
abraço e boa semana!
A esperança na prisão do desespero. Evelyn De Morgan (1855–1919)
O medo pode e deve ser o nosso aliado, sempre.
A partir da mensagem psicográfica que segue, desenvolvemos algumas reflexões
sobre esse sentimento tão presente em nossas vidas e que deve ser o nosso
aliado como ensina amigo espiritual.
"O
medo é algo que como muitas coisas têm dois lados, o positivo e o negativo,
dependerá apenas de nós a forma de como ele agirá em nossa vida.
Na
maioria das vezes o encaramos como algo que gera sofrimento e dor, algo que nos
impede o raciocínio lógico e nos deixa a mercê de pensamentos e sentimentos
baixos, nos impedindo de seguir o nosso caminho rumo à felicidade verdadeira.
Certas
atitudes nossas comprovam que muitas vezes ficamos inseguros diante das mais
diversas situações, queremos viver, mas temos medo da vida e do que se
apresenta diante dela em nossas existências. Queremos morrer com a ilusão de
acabarmos com os problemas e encontrarmos o paraíso, porém, quando nos
deparamos com a morte temos medo, ficamos aterrorizados com nossa própria
realidade.
Se
conseguirmos enxergar outras possibilidades, veremos o medo como algo útil, o medo de errar, por
exemplo, nos faz ser mais vigilantes em nossas atitudes. O medo quando não em
demasia de “perder” (como muitos dizem) uma pessoa querida faz com que cuidemos
e dediquemos todo nosso amor àquela pessoa.
Nesse
caso, então, o que seria realmente o medo? Algo neutro? Se é que posso definir
desta forma. Algo que todos nós em determinada altura da vida desenvolvemos, um
sentimento, uma sensação?
Ele
pode sim ter uma dessas interpretações ou até mesmo todas elas, o fato em questão é que normalmente lidamos
muito mal com algo tão natural do ser humano. Estou certo de que não exista
nenhuma fórmula pronta para que nos livremos ou saibamos lidar com o medo.
Acredito
que a forma como cada um de nós encara isto depende exclusivamente de nosso
estado de espírito dentro de nossas individualidades. Só é necessário que a
cada momento de nossa vida possamos ir nos preparando intimamente para as mais
diversas situações de nossa existência. Para que mesmo que ainda não consigamos
vê-las como algo neutro, possamos então percebê-las como algo que sempre tem um
lado positivo.
Devemos
ao menos parar um pouco e refletir, será que o medo que senti em determinado
momento não teve utilidade alguma, será que não me trouxe um aprendizado, um
alerta para que eu reveja a forma como estou vivendo minha vida?
Para
que um dia não fiquemos aterrorizados ao ouvir essa palavra “medo”, que acaba
sendo uma reação de cada indivíduo para os acontecimentos da existência e que
têm efeito benéfico ou não de acordo com nossa interpretação. Rogo a Deus que
um dia todos nós espíritos ainda tão imperfeitos diante da grandeza do Pai,
possamos seguir fielmente o modelo do Cristo, a sua percepção da vida, para que
todos os sentimentos que ainda nos perturbam possam ser vistos como é tudo
aquilo que Deus nos oferece: Bênçãos.
Que
ao lembrarmo-nos de algo que nos cause medo ou pavor, pensemos que o Mestre nunca nos falta, e se procurarmos em nosso
ser, iremos encontrar o porquê e o significado das coisas para nós, e se não
encontrarmos, é porque a misericórdia divina não o permite para o nosso próprio
bem e crescimento.
Então
carinhosamente o Cristo nos ajudará
a transformar esse sentimento em amor e luz, que penetra em nossos corações nos
enchendo com sua paz tão infinita.
Obrigado,
muito obrigado meus amigos pela oportunidade,
De
um amigo do grupo Marcos"
Psicografia. Jovem amiga participante do grupo Marcos.
O
conceito de medo exposto pode ser entendido como semelhante ao de Rousseau e o da
Codificação. Afirma o filósofo
iluminista que “Tudo é certo saindo do Autor de todas as coisas.” O Livro dos Espíritos, na parte
terceira, fala-nos do instinto de conservação que induz a todos os seres vivos
a se preservarem do perigo. Portanto, a origem do sentimento está na constituição
do ser, é criação de Deus.
Por
que essa compreensão é importante? Porque o medo, estando inserido na criação
divina, não deve ser combatido como um inimigo, e sim, utilizado como amigo, pois
Deus não nos daria nada que não fosse importante para a nossa felicidade. Como
afirma o amigo espiritual, o problema surge porque “lidamos
muito mal com algo tão natural”, saber lidar com as dádivas de Deus é o
aprendizado que temos que desenvolver em nossa atual fase evolutiva. Quando não
sabemos lidar com o fogo, podemos gerar muitos acidentes; assim acontece com o
medo, observemos algumas destas consequências. Tanto o autoritarismo como o
desleixo; bajulação e irresponsabilidade: relação de submissão e mando
são frutos do sentimento de medo mal conduzido.
Erich
Fromm, em O Medo à Liberdade, ao estudar a origem psicológica do nazismo,
demonstra que a aceitação de um líder “forte” e inquestionável baseava-se no
medo desenvolvido na população, no sentimento de insegurança pessoal.
Em
nosso dia a dia, ante uma situação que nos amedronta, tendemos a buscar alguém
“forte” e “valente” para nos proteger e com isso, muitas vezes, alimentamos uma
relação de submissão e mando. Isso acontece em nosso mundo material, bem como
no mundo espiritual. Esse padrão de relação difere totalmente da relação do
Cristo com os apóstolos, de Gandhi com seus discípulos e de Eurípedes com seus
alunos.
O
sentimento do medo bem conduzido traz resultados excelentes, como explica o
amigo espiritual. O cuidado e o respeito pelo outro para que possamos conviver
mais e melhor com quem amamos; a atenção com a saúde para evitarmos os
sofrimentos da doença; a superação de vícios para não destruirmos o que temos de
melhor; a preocupação com o cumprimento da programação reencarnatória para não
voltarmos como fracassados a vida verdadeira; o cultivo do respeito (respeito
verdadeiro como ensinou Kardec) na relação com os amigos espirituais para que
eles não nos abandonem.
Após
entender o quando o medo pode nos trazer de benefícios ou de infelicidades,
naturalmente perguntamos: como melhor lidar com o medo? Não há fórmula mágica,
alerta o amigo espiritual, mas existem muitos métodos. Refletir qual a
utilidade do sentimento de medo em cada situação específica é um deles. E para
os que pensam que refletir é algo de pouco valor, destaco esse trecho “Refletir apenas
parece pouco, mas não é; é sim um grande passo, um passo importante, pois é a
partir do ato de pensar que descobrimos a verdadeira essência das coisas”. Aliada a essa reflexão, sugere o amigo que desenvolvamos o
sentimento de segurança íntima vinculando-nos ao Cristo, por meio da oração e
da compreensão de que Ele nunca nos abandonará. Parece-nos um sábio caminho a seguir.
O trecho final da mensagem explica que “o Cristo carinhosamente nos ajudará” observamos a maturidade dessa reflexão,
pois o Cristo estrutura sua relação com todos nós com carinho e compreensão e
não com o terror que gera o medo destrutivo. Assim também faz o amigo
espiritual, ele não estimula o medo que desequilibra, mas ajuda-nos a superá-lo.