segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Paulo e Estevão e a Mediunidade



Amigos e amigas,

A história do cristianismo está intrinsecamente ligada aos fenômenos mediúnicos. Não fossem as curas do Cristo; as materializações dos espíritos de Moisés e de Elias e do próprio Mestre; as vidências de Pedro, João e Paulo – para citar alguns; os fenômenos da voz direta e a inspiração mediúnica aos que escreveram as cartas apostólicas sob a coordenação do apóstolo dos gentios, o grande Paulo de Tarso, não haveria cristianismo no mundo. A mensagem de amor do Mestre não teria sobrevivido à ambição e a inferioridade da muitos que O traíram dizendo servi-lO. Por isso, estamos felizes em compartilhar com você os comentários de Cairbar Schutel, um amigo espiritual profundamente ligado à história do cristianismo nascente, sobre a obra Paulo e Estevão, de Emmanuel; um livro que, segundo Herculano Pires, por si só, justificaria a encarnação de Chico Xavier. Portanto, é uma alegria encontrar com você aqui, vamos conversar sobre os comentários inteligentes e profundos feitos a respeito da vida do abnegado e austero Paulo.

Boa semana!

Nota de esclarecimento do comentador espiritual.

Destacamos nossos comentários sublinhando-os e, em negrito, os trechos que destacamos do texto original da obra Paulo e Estevão.




Objetivo da obra de Emmanuel

Breve Notícia

Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada.
O mundo está repleto dessas fichas educa­tivas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.
As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos de­sejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.
Em toda parte há tendências à ociosidade do espí­rito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entre­gam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, prefe­rindo as dominações e regalos de ordem material.
Observando esse panorama sentimental é útil recor­darmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.

*       *       *


Nosso objetivo

É preciso avaliar até que ponto tal comportamento - das igrejas amornecidas - não atingiu o atual movimento espírita. Para isso, relacionaremos a forma do apóstolo Paulo e outros cristãos de lidar com os fenômenos mediúnicos, e também, como o farisaísmo que proteja a comodidade se manifestou nas igrejas cristãs ao ponto de pervertê-las.
A mediunidade é, por excelência, o ponto de ataque dos fariseus antigos e modernos, porque os espíritos do Senhor jamais se converteriam em farsantes interesseiros e jamais negociariam com os bens celestes. O contato com os espíritos nobre vivifica moralmente a criatura, orienta-a e dirime dúvidas e superstições. A mediunidade-cristã é o caminho de libertação da criatura e de superação dos interesses mesquinhos. Não por acaso, ele é atacada tão ferozmente por todos aqueles que nem se espiritualizam nem deixam os outros espiritualizarem, ou no ensina o Mestre da Galileia – Fariseus hipócritas que nem entram nem deixam os outros entrarem no Reino de Deus.
Nossa obra de comentário é um apelo sincero que visa tocar os corações dos espíritas que ainda guardam a coragem e a reserva moral para endireitar seus caminhos, sacudir a poeira dos apegos materiais e seguir o Cristo. Nossa obra é um alerta aos fariseus do passado que hoje, no seio do Consolador, desprezam a chance generosa dado pelo Rabi da Galileia e tripudiam ante a obrigação de se reformar. É também, nossa obra, um último aviso, para muitos, que sorriem acreditando-se eleitos do Senhor por ocupar algum lugar de destaque nas tribunas espírita da adoração e da vaidade. Atentem, amigos, os tempos são chegados e os gozadores de todos os tempos tem seu tempo, nesse planeta, contado. Em breve, reinará a justiça sobre a Terra e os rebeldes e arrogantes irão purgar-se por meio do choro e do ranger de dentes. Que o Senhor, que é o sol moral deste mundo, apiede-se de todos nós e nos auxilie, mais uma vez, a superar o ódio, a calúnia que nos inferioriza e diminui e fazer brilhar aos olhos do mundo a grandeza do Consolador.


PARTE PRIMEIRA
Capítulo 4
Nas estradas de Jope

Mediunidade de cura de Estevão é utilizada para consolar e propagar a verdade – que são os ensinos de Jesus.
A palestra continuou animada e, em dado instante, o moço de Tarso inquiriu o amigo sobre os motivos que o traziam a Jerusalém.
—     Vim certificar-me da cura de meu tio Filodemos, que ficou curado da velha cegueira, mediante processos misteriosos.
E, como se trouxesse o cérebro onusto de interro­gações de toda sorte, para as quais não encontrava res­posta nos próprios conhecimentos, acentuou:
—     Já ouviste falar nos homens do “Caminho”?
—     Ah! Andrônico falou-me a respeito deles, há muito tempo. Não se trata de uns pobres galileus mal­trapilhos e ignorantes que se refugiam nos bairros des­prezíveis?
—     Isso, justamente.
E contou que um homem chamado Estevão, por­tador de virtudes sobrenaturais, no dizer do povo, havia devolvido a vista ao tio, com assombro geral de muita gente.
—     Como é isso? — disse Saulo admirado. Como pôde Filodemos submeter-se a experiências tão sórdidas? Acaso não terá compreendido que o fato pode radicar nas artimanhas dos inimigos de Deus? Várias vezes, desde que Andrônico me referiu o assunto pela primeira vez, tenho ouvido comentários a respeito desses homens e cheguei mesmo a trocar idéias com Gamaliel, no intuito de reprimir essas atividades perniciosas; entretanto, o mestre, com a tolerância que o caracteriza, me fez ver que essa gente vem auxiliando a numerosas pessoas sem recursos.
—     Sim — atalhou o outro —, mas ouço dizer que as pregações de Estevão estão arrebanhando muitos es­tudiosos a novos princípios que, de algum modo, infirmam a Lei de Moisés.
—     Todavia, não foi um carpinteiro galileu, obscuro, sem cultura, que originou tal movimento? Que pode­ríamos esperar da Galiléia? Porventura terá produzido outra coisa além de legumes e peixes?
E, contudo, o carpinteiro martirizado tornou-se um ídolo para os sequazes. Procurando desfazer as im­pressões de meu tio, chamando-o à razão com a ener­gia necessária, fui levado a visitar, ontem, as obras de caridade dirigidas por um tal Simão Pedro. É uma instituição estranha e que não deixa de ser extraordinária. Crianças desamparadas que encontram carinho, leprosos que recobram a saúde, velhos enfermos e des­protegidos da sorte, que exultam de conforto.
—     Mas os doentes? Onde ficam esses doentes? —interrogou Saulo assombrado.
—     Todos se agasalham junto desses homens incompreensíveis.
—     Estão todos malucos! — disse o moço de Tarso com a franqueza espontânea que lhe marcava as atitudes.
Ambos trocaram impressões íntimas, sobre a nova doutrina, pontuando de ironia o comentário de muitos fatos piedosos que empolgavam a atenção do povo simples de Jerusalém.
fenômeno mediúnico de cura, hoje tão temido pelos espíritas-cristãos, foi um dos mais poderosos auxiliares do cristianismo nascente. Diz-se que tais fenômenos não são mais necessários. Será? Tornou-se a criatura encarnada na Terra já suficientemente espiritualizada para dispensar as provas objetivas da imortalidade? Está a criatura, na Terra, já tão desprendida das sensasões materiais a ponto de dispensar alívio de seus sofrimentos? Utilizaram o Mestre e seus discípulos mais próximos recursos inadequados para auxiliar o povo sofredor?
Pensamos que o cristianismo é o mesmo, porque nosso Mestre continua o mesmo. Uma forma de acomodação visível é essa: foge-se das responsabilidades da propagação das verdades espirituais por medo e comodidade com belas desculpas; vela-se o real motivo: ausência de ânimo de testemunhar a verdade.

Até dia 17 de dezembro!


domingo, 2 de dezembro de 2012

Kardec, você e o Apocalipse


Amigos e amigas,
Estive ausente por este período por causa de uma série de mudanças profissionais, agora, reorganizei-me e deverei ser mais previdente para que, no futuro, não tenha que ausentar-me de meu compromisso semanal com nossas reflexões neste blog. Dado as explicações e as promessas de continuidade, vamos às reflexões.
Primeiramente, quero postar um artigo a muito devido - a relação de Allan Kardec e do Espiritismo com as previsões do apocalipse. É um tema difícil e apenas me aventuro escrever sobre ele por estar amparado por Cairbar Schutel que, no início do século XX, realizou um lúcido e inteligente estudo em seu livro Interpretação sintética do apocalipse.
A relação entre as profecias, às transformações que estamos vivendo e o Espiritismo é um alerta para nossas enormes responsabilidades, temos conhecimento do Consolador, da imortalidade e da mediunidade, por isso temos um compromisso à causa do Cristo.Vamos ao artigo.
   
No Capítulo VI, do Livro Apocalipse, o grande médium de Patmos, o apóstolo João, descreve a chegada de sete experiências significativas que a Humanidade iria vivenciar. Cada experiência é simbolizada por um cavaleiro e, em alguns casos, pode ser relacionada diretamente com uma individualidade. Sete são os cavaleiros, que representam vivências -aprendizados – que objetivam nossa espiritualização.   
O primeiro cavaleiro é um cavaleiro branco – que por misericórdia de Deus – antecede todos os demais e pode evitar ou amenizar, desde que os homens o queiram, as dores e provas trazidas pelos outros cavaleiros. Assim descreve o médium da revelação:
E vi quando o Cordeiro abriu um dos sete selos, e ouvi uma das quatro criaturas viventes dizendo, como em voz de trovão: Vem. Olhei, e eis um cavalo branco, e o que estava montado sobre ele tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa, e ele saiu vencendo e para vencer.
O Cordeiro, como sabemos, é o Cristo, e o Cavaleiro Branco é o símbolo do Renascimento Cristão no mundo, a chegada do Consolador, é a vinda de Allan Kardec ao mundo terreno para reestabelecer todas as coisas já ensinadas e ensinar muitas outras. É a oportunidade dada aos homens para se espiritualizarem. Por que afirma o Evangelista que ele veio vencendo para vencer?  É que desde o início o Espiritismo tocou os corações dos homens espiritualizados e se expandiu, contudo, como afirma Kardec, ele deveria voltar para completar sua obra, que significa a vitória plena dos ensinos do Cristo nos corações dos homens e nas sociedades. Por isso: ele saiu vencendo e para vencer.
     O segundo selo ou a segunda revelação fala sobre o Cavaleiro Vermelho, é a Guerra gerada pelos lideres bélicos da primeira guerra – época que Cairbar escreveu seu livro – e também Hitler e o estado nazista.  
O terceiro selo descreve o cavaleiro negro, o símbolo do Comercialismo, da ganância que gera fome de milhões para proporcionar excessos a poucos.
A quarta revelação, ou o quarto selo, mostra o Cavaleiro Amarelo, simbolizando a Morte por causa das doenças oriunda do abandono da verdadeira religião e do cultivo da animalidade, das paixões inferiores e dos excessos.
A quinta revelação nos explica a fase da ampla Difusão das Verdades Espirituais pelos mártires e verdadeiros santos que reencarnarão.
O sexto selo refere-se às mudanças geológicas e as mudanças psíquicas dos habitantes da Terra no que se refere à expansão, uma verdadeira explosão, dos fenômenos mediúnicos para que todos sejam testemunhas da imortalidade e da necessidade de se tornarem verdadeiros cristãos.
O sétimo selo narra as terríveis batalhas entre a luz a as trevas; entre a virtude e o vício, entre os seguidores do Cristo e os espíritos inferiores e suas instituições. Ao fim lemos a seguinte descrição:
O trono de Deus e do Cordeiro, estará nela, e os seus servos os servirão e verão a sua face; e o seu nome estará nas testas deles. E não haverá mais noite; nem precisam mais da luz da candeia nem da luz do sol, porque o Senhor Deus os iluminará e eles reinarão pelos séculos dos séculos. Apocalipse, XXII, 1 a 5.
Segue e explicação extraída do livro de Cairbar:
 Para remate final da VISÃO do evangelista lhe foi mostrado "um rio de água da vida, resplandecente como cristal, saindo do trono de Deus e do Cordeiro.” No meio da sua rua, e, de um e de outro lado do rio, achava-se a árvore da vida, que dava doze frutos, produzindo em cada mês o seu fruto; e as folhas da árvore servem para a cura das nações. E não haverá jamais maldição.
Efetivamente, o RIO DE ÁGUA VIVA saindo do trono de DEUS e do CORDEIRO não é senão a REVELAÇÃO. Sempre progressiva, ela é indispensável a todas as almas, porque todas caminham do conhecido para o desconhecido, e a REVELAÇÃO é que abre todas as portas do futuro.
A REVELAÇÃO é a pedra fundamental da Doutrina de Jesus.
Quando Pedro, representando o Colégio Apostólico, respondeu à pergunta de Jesus, dizendo-lhe: "TU ÉS CRISTO, FILHO DE DEUS VIVO", o Mestre afirmou-lhe: "Bem-aventurado és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te REVELOU, mas sim meu Pai que está nos Céus. Tu és Pedro, e sobre esta PEDRA (A REVELAÇÃO) edificarei a minha Igreja e as portas do Hades não prevalecerão contra ela".
(...)

As últimas palavras do ANJO representam a confirmação de todas as manifestações dadas a S. João e o anúncio formal da realização das profecias.
Disse ele: (2) "Estas palavras são fiéis e verdadeiras, e o Senhor Deus dos ESPÍRITOS DOS PROFETAS enviou o seu Anjo para mostrar aos seus servos o que deve acontecer brevemente. Eis que venho à pressa. Bem-aventurado o que guarda as palavras da profecia deste livro".  Apocalipse, XXII, 6 e 7.

Boa semana, até dia 09 de dezembro.




terça-feira, 16 de outubro de 2012

Um dos mais lúcidos discípulos do Cristo


O mês de outubro, para mim, é muito especial. Nasceu neste mês três espíritos a quem muito admiro: Gandhi, dia 02; Allan Kardec, 03; e Francisco de Assis, 04. Kardec, certamente, é o menos compreendido dos três por seus seguidores e amigos encarnados. Sua tarefa foi e é rude, árdua, sacrificial. Deve ele nos ajudar a compreender os ensinos do Cristo, a vivenciá-los e a associá-los as mais avançadas descobertas científicas. Para isso, Deus o enviou a Terra, ele é um dos mais lúcidos discípulos do Cristo como afirma o espírito Emmanuel. Foi capaz de compreender as Leis da ciência material e espiritual e explicá-las com clareza; também, foi capaz de uma conduta verdadeiramente cristã: amparando com sua lucidez e amor a intelectuais e a mendigos; trabalhando no amparo aos presidiários e ensinando crianças órfã com fez Pestalozzi. Se apenas algumas destas virtudes são raras, o conjunto delas, como possui Kardec, é uma verdadeira obra de arte divina. Felizes os que viram a ação deste espírito em nosso mundo!
Sua modéstia, muitas vezes, faz que seus seguidores não tenham a dimensão da grandeza real deste espírito. Foi este espirito um dos que mais profundamente observou o drama humano e comovido com nossa miséria material e moral se lançou em um combate solitário contra o predomínio da ignorância espiritual e do egoísmo. Combatido pela igreja, ridicularizado pela ciência enfrentou, ao lado de sua esposa Gaby (Amélie-Gabrielle Boudet), professora, poeta e artista plástica; a ignorância, a pretensão e os interesses mesquinhos dos homens inferiores.
Curiosamente, hoje, quando seus ensinos são comprovados pelas ciências e mais de um religioso estuda – publica ou ocultamente – seus ensinos em busca de orientação espiritual, são os seus adeptos que não o compreendem por não amarem a sabedoria nem estudarem a sua obra. Mas, como ensina o codificador, esse sinal extremo de incompreensão é sempre o anúncio de radicais mudanças. Nos informam os amigos espirituais e constatamos em nossa observação diária, o surgimento de uma nova geração espírita, espíritos que amam estudar, servir e que não temem o contado natural com o mundo dos espíritos. São espíritos que nos ensinarão a honrar – verdadeiramente – a Kardec e o Cristo.
Os ensinos de Kardec não se restringem a nos ensinar a naturalidade do contato com o mundo espiritual – o que já é muito significativo, pois se todos entendem isso nossa sociedade seria muito melhor – o codificador nos ensinou a integrar pesquisa espiritual e ciência como hoje se está fazendo em laboratórios em todo o mundo em pesquisas da física quântica, sobre percepção extra-sensorial e sobre reencarnação. A lição metodológica de Kardec é seguida com mais fidelidade por não-espíritas do que por espíritas que ainda temem a prática mediúnica natural e proíbem muitos interessados de participar das reuniões mediúnicas em nome do medo disfarçado de prudência.  
No último três de outubro fez 208 anos do nascimento de Kardec. O que teríamos a dizer a ele nesse momento? Como explicaríamos ao amigo codificador a nossa atuação espírita? Que notícias daríamos de nosso movimento e de nossos projetos para os próximos anos? É preciso lembrar que Kardec comprometeu a própria saúde, que utilizou dos recursos de juntou ao longo da vida para comprar uma casa confortável para divulgar a Doutrina e, por isso, permaneceu morando em um pequeno apartamento, no fundo do segundo andar, que media 50 metros quadrados.  Acima de tudo, enfrentou com serenidade e coragem os ataques sórdidos de inimigos e dos falsos adeptos do Espiritismo. Certamente, o amparo de seu guia espiritual – o Espírito da Verdade – foi constante, mas sabemos que para ser digno do amparo direto do Cristo é preciso subir o próprio calvário, assim fez Kardec e o fez por amor a todos nós.
No próximo artigo, escreveremos sobre a relação de Kardec com a proposta do Cristo e com o Apocalipse de João, que anuncia a vinda ao codificador ao mundo como nos ensina Cairbar Schutel. Boa semana, até segunda!

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Cristo adolescente e os jovens espíritas


 Uma passagem significativa dos Evangelhos é o debate do adolescente de doze anos com os doutores do templo. Aquele menino mostra uma sabedoria e profundidade que espantava a todos. Para nós, reencarnacionistas, há uma explicação simples: a evolução anterior do espírito. O problema é que a vivência da compreensão reencarnatória é muito diferente a mera aceitação intelectual. Vejamos.
Para nós, reencarnacionistas, o que define o grau de compromisso do espírito com as Leis de Deus é a maturidade espiritual é não a idade corporal como prova Jesus e como tem provado dezenas de casos históricos, além da observação do dia a dia; porém, na prática, muitos dos que se afirmam reencarnacionistas, organizam as atividades espíritas orientados  por regras gerais e padronizadas. Esquecem o exemplo do fundador do Espiritismo no mundo: Jesus de Nazaré.
Podem jovens ter acesso a reuniões mediúnicas? Sim. Desde que mostrem compromisso e seriedade – seriedade não é carranca e sim respeito íntimo pelas Leis de Deus – é o mesmo critério para adultos. Mas, por incrível que pareça, há quem estipule idade para participação em reuniões mediúnicas! Meu Deus! Onde aprenderam isso?! Com o Cristo? Com Allan Kardec? Com quem?  Certamente, não foi com ninguém que vivencie e conheça a mediunidade espírita. Não aprenderam isso com o Cristo, nem o Kardec, nem o Eurípedes Barsanulfo, muito menos com Chico Xavier ou Yvonne Pereira.
O Cristo leva Pedro, Tiago e João ao monte Tabor para vivenciarem a experiência mediúnica de materialização dos espíritos Moisés e Elias; é uma lição belíssima de uma integração intergeracional: o jovem Cristo reúne Pedro, já maduro, e os irmãos adolescentes João e Tiago em uma maravilhosa experiência mediúnica. Pedro, narra o evangelho, afirma: Senhor que bom estarmos aqui. Quem já participou de um encontro mediúnico sabe como é agradável a presença dos bons espíritos.
Em seguida, narra o Evangelho de Mateus, no capítulo 17.
5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o.

6 E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram grande medo.

7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não tenhais medo.

Assim, os discípulos perdem o medo do contato com o invisível. Não deveríamos nós, os discípulos atrasados, os trabalhadores da última hora, fazer o mesmo?
Allan Kardec trabalhou com jovens de 14 e 16 anos na composição de O Livro dos Espíritos, as meninas Carolina e Julie Boudin e Ermance Dufaux destacaram-se na recepção de significativa parte da codificação. Ermance psicografa o livro A História de Joanna D´arc Ditada por Ela Mesma; Kardec sempre fez questão de destacar a idade de Ermance, talvez para prevenir ideias não espíritas contrárias à mediunidade dos jovens. Afinal, ele é reencarnacionista.


Segue uma mensagem de São Luís, espírito responsável pela Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o primeiro centro espírita do mundo, por intermédio de Ermance Dufaux que na época tinha 17 anos e uma boa experiência mediúnica.
A PREGUIÇA,
Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Ermance Dufaux.
(5 de maio de 1858)
l.
Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. Foi a um deles e o abordou dizendo: "Que fazes tu aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revólveres o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário." E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros, agradecendo-lhe em seu coração.
O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo: "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo;" e o senhor tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.
Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu companheiro trabalhar.
Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: "Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe deu uma peça de prata, despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado;" não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.
II
Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa.
Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor - cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.
(Extraído da Revista Espírita de Junho de 1858).
Para conhecermos a posição de Eurípedes Barsanulfo sobre a mediunidade, basta ler o livro Meu Amigo: Eurípedes Barsanulfo que pode ser baixado, gratuitamente, em nosso blog. Eurípedes não apenas ensinava mediunidade aos seus alunos como os convidava a participarem de reuniões mediúnicas e a cuidarem de obsediados. Semanalmente, recebia mensagens espirituais no estudo dos realizados as quartas-feiras que participavam jovens e crianças a partir de quatro anos de idade.
Desnecessário falar sobre Chico Xavier que aos 10 anos de idade psicografou uma redação em sala da aula, que foi premiada pelo governo de Minas, e, para provar a imortalidade, psicografou no quadro, em frente à professora e aos alunos uma bela estrofe sobre um difícil tema dado na hora, em tom de desafio e ironia: areia.
Meus filhos, ninguém escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o sol de Deus.
Falar da mediunidade de Yvonne Pereira talvez seja ainda mais radical. Ela afirma, em entrevista, que convivia com os espíritos desde pelo menos três anos de idade. Aos 12 anos inicia a psicografia; aos 21 anos coordena um trabalho de desobsessão. Se Yvonne não tivesse iniciado na idade certa suas atividades psicográficas, talvez não tivesse conseguido receber uma das obras mais importante do Espiritismo o livro Memórias de um Suicida que antecipa as informações sobre a vida espiritual dadas no livro Nosso Lar auxiliando a adotarmos o critério de Kardec da comparação das comunicações dados por meio de diferentes médiuns.
Por que se é contrário ao exercício mediúnico dos jovens? Não sei exatamente. Talvez ignorância doutrinária, talvez preguiça, talvez medo. Afirmamos para nós mesmos e para todos que querem bloquear a mediunidade. Levantai-vos e não tenhais medo. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Diálogos com a mediunidade: uma homenagem ao jovem Eurípedes Barsanulfo.


Amigas e amigos,

Segue nossa proposta para os Encontros de Jovens Espíritas, são cursos continuados voltados para jovens que possuem um sério interesse no estudo e na vivência do Espiritismo.
Já tivemos nosso primeiro encontro em Canindé. Nesse Encontro, tive a felicidade de reencontrar amigos e amigas de outros tempos que retornam ao mundo com o sério compromisso de vivenciar a moral cristã em um mundo tão caótico e egoísta. Sabemos que muitos jovens têm sede de uma vivência espírita mais profunda, é a estes que direcionamos nosso curso, que terá encontros bimensais em grupos menores e um Encontro de todos os grupos a cada oito meses. Temos a certeza que vivenciaremos experiências enriquecedoras.
Caso você tenha interesse em participar ou em nos ajudar na organização: entre em contato conosco pelo e-mail que está no final de nosso blog.

Boa semana, muita paz!

Proposta: realizar encontros bimensais com jovens espíritas com o objetivo de aprofundar o estudo da Doutrina Espírita e da mediunidade, utilizando metodologia dinâmica com vivências e expressões artísticas.

Realização: a realização destes encontros caberá aos centros espíritas que se interessarem em colaborar e participar dos encontros.

Organização pedagógica: caberá a Associação Lar Espírita Meimei – ALEM - e ao Grupo Marcos, em conjunto com os outros centros espíritas, a preparação das atividades educativas, a aquisição dos materiais didáticos e a estruturação dos horários das atividades, bem como, a definição do currículo temático dos encontros.

Proposta pedagógica: o tema estudado em cada encontro terá um livro de apoio que será entregue aos participantes no momento da inscrição para que seja estudado antes do encontro. Durante o encontro serão apresentados textos de aprofundamento, documentários relacionados ao tema e diversas expressões artísticas que estimulem uma reflexão global sobre a temática estudada.

Estrutura de funcionamento: o encontro terá a duração de 05 horas - de 08h30min às 13h30min ou 14h00min às 19h00min – segundo a conveniência dos organizadores e participantes.

Inscrição: a inscrição será gratuita para os jovens que não puderam pagar; será solicitada a ajuda de R$ 6,00 aos participantes que tenham condições de pagamento. Este valor inclui o livro de será dado a todos os inscritos e ao lanche que servido no encontro.

Tema do primeiro encontro: Diálogos com a mediunidade: uma homenagem ao jovem Eurípedes Barsanulfo.

Livros base: Meu Amigo: Eurípedes Barsanulfo e Se a Mediunidade Falasse

Livros de aprofundamento: Eurípedes: o Homem e a Missão, de Corina Novelino, do Instituto de Difulsão Espírita (IDE); A Grande Espera, de Eurípedes Barsanulfo, psicografia de Corina Novelino, (IDE), que narra a existência de Eurípedes entre os essênios e suas relações com Jesus; e o documentário Eurípedes: Educador e médium.  

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Manifestações de amor


Participei do excelente trabalho de confecção da Pomada do Vovô Pedro, em Fortaleza. É uma experiência fascinante e genuinamente espírita. A elaboração de receitas espirituais para alívio de quem sofre é uma das mais belas formas de trabalho em conjunto com a espiritualidade. É uma tradição antiga do movimento espírita instituída por Allan Kardec e continuada no Brasil por Eurípedes Barsanulfo e Bezerra de Menezes, além de outros médiuns como Yvonne do Amaral Pereira e Francisco Cândido Xavier.
Para nossa felicidade quem iniciou essa tradição foi Ermance Dufaux, a jovem médium que tanto auxiliou Allan Kardec na codificação do Espiritismo, que ao receber uma receita mediúnica, utiliza-a e autoriza sua publicação na Revista Espírita. É com alegria que compartilhamos com vocês o trecho que segue, desejando que possamos multiplicar esse tipo de atividade que tanto contribui e que tanto poderá contribuir para o alívio de quem sofre.
Boa semana!

UM REMÉDIO DADO PELOS ESPÍRITOS.

Este título vai fazer os incrédulos sorrirem; que importa! ri-se de muitas outras coisas, o que não impede dessas coisas serem reconhecidas por verdades. Os bons Espíritos se interessam pelos sofrimentos da Humanidade; não é, pois, de se admirar que procurem aliviá-los, e, em muitas ocasiões, provaram que o podem, quando são bastante elevados para terem os conhecimentos necessários, porque eles veem o que os olhos do corpo não podem ver; preveem o que o homem não pode prever.
O remédio que está aqui em questão foi dado nas circunstâncias seguintes, à senhorita Ermance Dufaux (médium que aos 13 anos psicografou sua primeira obra e foi membro fundadora da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas) que nos remeteu a fórmula com autorização de publicá-la para o bem daqueles que poderiam dela ter necessidade. Um de seus parentes, morto há bastante tempo, havia trazido da América a receita de um unguento, ou melhor, de uma pomada de uma maravilhosa eficácia para toda espécie de chaga ou ferida. Com sua morte, essa receita foi perdida; ele não a havia comunicado. A senhorita Dufaux estava afetada de um mal nas pernas, muito grave e muito antigo, e que havia resistido a todos os tratamentos; cansada de ter inutilmente empregado tantos remédios, pediu um dia ao seu Espírito protetor se não havia para ela cura possível. "Sim, respondeu ele, serve-te da pomada de teu tio. - Mas sabeis que a receita foi perdida. - Eu vou tá dar," disse o Espírito; depois lhe ditou o que segue:

Açafrão.................................20 centigramas
Cominho...............................4 gramas
Cera amarela........................31 a32 gramas
Óleo de amêndoas doces.....uma colher

Fundir a cera e colocar em seguida o óleo de amêndoas doces; acrescentar o cominho e o açafrão fechados num pequeno saquinho de pano fino, ferver, num fogo brando, durante dez minutos. Para uso, estende-se essa pomada sobre um pedaço de tela e a aplica sobre a parte doente, renovando-a todos os dias.
A senhorita Dufaux, tendo seguido essa prescrição, sua perna foi cicatrizada em pouco tempo, a pele se reformou, e desde então está muito bem e nenhum acidente sobreveio.
Sua lavadeira foi curada felizmente de um mal análogo.
Um operário feriu-se com um fragmento de foice que entrou profundamente na ferida, e havia produzido inchação e supuração. Falava-se de fazer a amputação. Pelo emprego dessa pomada o inchaço desapareceu, a supuração terminou e o pedaço de ferro saiu da ferida. Em oito dias esse homem estava de pé e pôde retomar o seu trabalho.
Aplicada sobre os furúnculos, os abscessos, panarícios ela faz chegar em pouco tempo e cicatriza logo. Age atraindo os princípios mórbidos para fora da ferida saneando-a, e provocando-lhe, se for o caso, a saída de corpos estranhos, tais como as lascas de osso, de madeira, etc.
Parece que ela é igualmente muito eficaz para todas as afecções da pele.
 Sua composição, como se vê, é muito simples, fácil, e em todos os casos muito inofensiva; pode-se, pois, sempre tentar sem medo.
Extraído da Revista Espírita de 1862.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Sol seria o Sol, se fugisse das trevas?


Recomeçar é sempre um ato de coragem.  Um amigo próximo compartilhou comigo o drama emocional que está vivendo: conhece a Doutrina Espírita, quer espiritualizar-se, mas tem deslizes e quedas morais que ele mesmo lamenta. Que fazer, indagou-me.
Acima de tudo é preciso coragem. Fácil o caminho do fingimento; fácil, também, o caminho do isolamento. Assumir-se em erro, admitir a dor da própria imperfeição custa muito mais do que os escapismos tão comuns. Contudo, esse é o único caminho que leva ao amadurecimento emocional. Eis a regra primeira: honestidade.
 Em seguida é preciso identificar, por meio de uma auto-observação honesta, quais os fatores que podem nos induzir ao desequilíbrio emocional. Hábitos aparentemente inofensivos podem estimular a muitos desequilíbrios sérios. Uma emoção que todos temos, se excessiva, gera profundos desequilíbrios: o medo que tem muitos nomes - ansiedade, stress, nervosismo etc. Cuidar desse sentimento é essencial para o nosso equilíbrio.
Não podemos nem devemos ter como meta não sentir medo, e sim nos educarmos para lidar bem com ele e para voltar ao nosso ponto de equilíbrio quando necessário. Quando somos invadidos pelo medo e não investimos nosso esforço para voltar ao normal, temos a tendência a querer compensar o sentimento desagradável com algum excesso, que pode está ligado à alimentação, ao sexo, ao álcool ou outro excesso qualquer. O importante é estarmos atentos se estamos construindo uma rotina saudável do ponto de vista emocional e se temos as estratégias adequadas para manter e restituir nosso equilíbrio emocional e energético.
Algumas práticas simples podem ser de grande valor. Aprender a se permitir 10 ou 15 minutos de relaxamento em algum momento do dia evita o acúmulo de stress e suas consequências; ter o hábito de escutar boas músicas; ter uma alimentação saudável, inclusive, chás diversos; cultivar o otimismo e o bom humor; ter um ou dois momentos de oração diária; participar a atividades espiritualizantes (exercício de ajudar alguém); e, acima de tudo, ter fé em Deus, que significa compreender que sempre acontecerá o melhor para nosso aprendizado e evolução. São práticas simples de entender, mas que requerem um esforço constante para se tornarem hábitos diários.
Para finalizar, lembro uma mensagem do livro Chico pede licença, psicografia de Francisco Xavier, que nos incentiva a entender que quanto mais necessitados somos mais devemos nos dedicar as tarefas espiritualizantes, pois se delas participassem apenas os que, de fato, merecem, bem pouca gente participaria e esse blog não existiria...
Boa semana e boas atividades!

SEM MERECIMENTOFrancisco Cândido Xavier

     Em nossa reunião falava-se a respeito das pessoas consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais, e a nossa irmã de sempre, Maria Dolores, escreveu por nosso intermédio a mensagem que intitulou Pai sempre.

 O texto em estudo eram os itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O evangelho segundo o espiritismo, que se ajustava ao assunto, dando motivo a edificantes comentários.
PAI SEMPRE Maria Dolores



Alguém te disse, alma querida e boa,

Que os Espíritos Nobres
Nunca se valem de pessoa
Claramente imperfeita
Em tarefas de amor à Humanidade...
Por isso mesmo o escrúpulo te invade
E, receando a própria imperfeição,
Foges do privilégio de servir
Em que o Senhor te pede trabalhar
A fim de conquistar
O Celeste Porvir...


Reflitamos, no entanto,

Entre simples lições da Natureza;
A semente germina em lauréis de esperança,

Muita vez sob a lama ascorosa e indefesa;
A fonte não seria exemplo de bondade
Em que a vida enxameia,
Se recusasse deslizar
Sobre tratos de terra e lâminas de areia...


Olha as flores do charco

Embalsamando campos e caminhos,
A rosa não desdenha florescer
Entre punhais de espinhos...

Pensa ainda conosco

Nas fraquezas e lágrimas que levas.
O Sol seria o Sol
Se fugisse das trevas?


Esquece pessimismo, acusação, censura,

Nada te desanime, ergue-te e vem...
Conquanto enferma e rude, mesmo assim,
Se te encontras na sombra, avança para a luz,
Sem desertar, porém, de servir com Jesus!
Vem cooperar no amor que devemos ao mundo
E entenderás, por fim,
Que só se vence o mal pelo serviço ao Bem
E que a benção de Deus jamais nos desampara
Nem despreza a ninguém.

 O DOENTE E O REMÉDIOJ. Herculano Pires (Irmão Saulo)

Quando os fariseus censuraram Jesus por sentar-se à mesa com publicanos e pescadores, Ele respondeu: “Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos.” Essa é a lição evangélica tratada nos itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O evangelho segundo o espiritismo. Como vemos, os temas de estudo nas reuniões públicas com Chico Xavier sempre concordam com os problemas principais que os visitantes de várias cidades vão lá discutir. Os livros são abertos ao acaso, de maneira que essa constância no acerto dos temas basta para provar a ação dos espíritos no desenrolar dos trabalhos.

As atividades espíritas são o meio certo para a cura dos doentes da alma. A terapêutica ocupacional, que é a cura por meio do trabalho, muito antes de ser descoberta pela medicina, era empregada no cristianismo primitivo. Todos os que lutaram pela implantação do cristianismo encaminharam os fracos, os doentes, os viciosos à cura através da execução de tarefas na seara. Há um princípio pedagógico segundo o qual só se aprende fazendo. Como aprender lições da elevação espiritual sem praticá-las? A aptidão para o bem se adquire na prática do bem.
As pessoas consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais são as que mais necessitam de executá-las. Porque o merecimento vem precisamente do esforço e da dedicação. Comentando que a mediunidade é concedida sem distinção, sem escolha, Kardec lembra que ela é dada “aos virtuosos para fortalecer no bem e aos viciosos para os corrigir”. E acrescenta: “Estes últimos são os doentes que precisam de médico.
Maria Dolores, nas suas comparações poéticas, mostra-nos o mesmo principio ao afirmar: “... só se vence o mal pelo serviço ao bem.” Se o serviço do bem é o remédio para o mal, como curar o doente que se recusa a tomar o remédio? As pessoas que se sentem inúteis porque se reconhecem cheias de imperfeições e defeitos, deviam lembrar-se de que Jesus não procurou anjos nem sábios para o serviço do Evangelho, mas homens rudes e imperfeitos que se aprimoraram na execução de tarefas do seu ministério.