terça-feira, 21 de agosto de 2012

Manifestações de amor


Participei do excelente trabalho de confecção da Pomada do Vovô Pedro, em Fortaleza. É uma experiência fascinante e genuinamente espírita. A elaboração de receitas espirituais para alívio de quem sofre é uma das mais belas formas de trabalho em conjunto com a espiritualidade. É uma tradição antiga do movimento espírita instituída por Allan Kardec e continuada no Brasil por Eurípedes Barsanulfo e Bezerra de Menezes, além de outros médiuns como Yvonne do Amaral Pereira e Francisco Cândido Xavier.
Para nossa felicidade quem iniciou essa tradição foi Ermance Dufaux, a jovem médium que tanto auxiliou Allan Kardec na codificação do Espiritismo, que ao receber uma receita mediúnica, utiliza-a e autoriza sua publicação na Revista Espírita. É com alegria que compartilhamos com vocês o trecho que segue, desejando que possamos multiplicar esse tipo de atividade que tanto contribui e que tanto poderá contribuir para o alívio de quem sofre.
Boa semana!

UM REMÉDIO DADO PELOS ESPÍRITOS.

Este título vai fazer os incrédulos sorrirem; que importa! ri-se de muitas outras coisas, o que não impede dessas coisas serem reconhecidas por verdades. Os bons Espíritos se interessam pelos sofrimentos da Humanidade; não é, pois, de se admirar que procurem aliviá-los, e, em muitas ocasiões, provaram que o podem, quando são bastante elevados para terem os conhecimentos necessários, porque eles veem o que os olhos do corpo não podem ver; preveem o que o homem não pode prever.
O remédio que está aqui em questão foi dado nas circunstâncias seguintes, à senhorita Ermance Dufaux (médium que aos 13 anos psicografou sua primeira obra e foi membro fundadora da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas) que nos remeteu a fórmula com autorização de publicá-la para o bem daqueles que poderiam dela ter necessidade. Um de seus parentes, morto há bastante tempo, havia trazido da América a receita de um unguento, ou melhor, de uma pomada de uma maravilhosa eficácia para toda espécie de chaga ou ferida. Com sua morte, essa receita foi perdida; ele não a havia comunicado. A senhorita Dufaux estava afetada de um mal nas pernas, muito grave e muito antigo, e que havia resistido a todos os tratamentos; cansada de ter inutilmente empregado tantos remédios, pediu um dia ao seu Espírito protetor se não havia para ela cura possível. "Sim, respondeu ele, serve-te da pomada de teu tio. - Mas sabeis que a receita foi perdida. - Eu vou tá dar," disse o Espírito; depois lhe ditou o que segue:

Açafrão.................................20 centigramas
Cominho...............................4 gramas
Cera amarela........................31 a32 gramas
Óleo de amêndoas doces.....uma colher

Fundir a cera e colocar em seguida o óleo de amêndoas doces; acrescentar o cominho e o açafrão fechados num pequeno saquinho de pano fino, ferver, num fogo brando, durante dez minutos. Para uso, estende-se essa pomada sobre um pedaço de tela e a aplica sobre a parte doente, renovando-a todos os dias.
A senhorita Dufaux, tendo seguido essa prescrição, sua perna foi cicatrizada em pouco tempo, a pele se reformou, e desde então está muito bem e nenhum acidente sobreveio.
Sua lavadeira foi curada felizmente de um mal análogo.
Um operário feriu-se com um fragmento de foice que entrou profundamente na ferida, e havia produzido inchação e supuração. Falava-se de fazer a amputação. Pelo emprego dessa pomada o inchaço desapareceu, a supuração terminou e o pedaço de ferro saiu da ferida. Em oito dias esse homem estava de pé e pôde retomar o seu trabalho.
Aplicada sobre os furúnculos, os abscessos, panarícios ela faz chegar em pouco tempo e cicatriza logo. Age atraindo os princípios mórbidos para fora da ferida saneando-a, e provocando-lhe, se for o caso, a saída de corpos estranhos, tais como as lascas de osso, de madeira, etc.
Parece que ela é igualmente muito eficaz para todas as afecções da pele.
 Sua composição, como se vê, é muito simples, fácil, e em todos os casos muito inofensiva; pode-se, pois, sempre tentar sem medo.
Extraído da Revista Espírita de 1862.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Sol seria o Sol, se fugisse das trevas?


Recomeçar é sempre um ato de coragem.  Um amigo próximo compartilhou comigo o drama emocional que está vivendo: conhece a Doutrina Espírita, quer espiritualizar-se, mas tem deslizes e quedas morais que ele mesmo lamenta. Que fazer, indagou-me.
Acima de tudo é preciso coragem. Fácil o caminho do fingimento; fácil, também, o caminho do isolamento. Assumir-se em erro, admitir a dor da própria imperfeição custa muito mais do que os escapismos tão comuns. Contudo, esse é o único caminho que leva ao amadurecimento emocional. Eis a regra primeira: honestidade.
 Em seguida é preciso identificar, por meio de uma auto-observação honesta, quais os fatores que podem nos induzir ao desequilíbrio emocional. Hábitos aparentemente inofensivos podem estimular a muitos desequilíbrios sérios. Uma emoção que todos temos, se excessiva, gera profundos desequilíbrios: o medo que tem muitos nomes - ansiedade, stress, nervosismo etc. Cuidar desse sentimento é essencial para o nosso equilíbrio.
Não podemos nem devemos ter como meta não sentir medo, e sim nos educarmos para lidar bem com ele e para voltar ao nosso ponto de equilíbrio quando necessário. Quando somos invadidos pelo medo e não investimos nosso esforço para voltar ao normal, temos a tendência a querer compensar o sentimento desagradável com algum excesso, que pode está ligado à alimentação, ao sexo, ao álcool ou outro excesso qualquer. O importante é estarmos atentos se estamos construindo uma rotina saudável do ponto de vista emocional e se temos as estratégias adequadas para manter e restituir nosso equilíbrio emocional e energético.
Algumas práticas simples podem ser de grande valor. Aprender a se permitir 10 ou 15 minutos de relaxamento em algum momento do dia evita o acúmulo de stress e suas consequências; ter o hábito de escutar boas músicas; ter uma alimentação saudável, inclusive, chás diversos; cultivar o otimismo e o bom humor; ter um ou dois momentos de oração diária; participar a atividades espiritualizantes (exercício de ajudar alguém); e, acima de tudo, ter fé em Deus, que significa compreender que sempre acontecerá o melhor para nosso aprendizado e evolução. São práticas simples de entender, mas que requerem um esforço constante para se tornarem hábitos diários.
Para finalizar, lembro uma mensagem do livro Chico pede licença, psicografia de Francisco Xavier, que nos incentiva a entender que quanto mais necessitados somos mais devemos nos dedicar as tarefas espiritualizantes, pois se delas participassem apenas os que, de fato, merecem, bem pouca gente participaria e esse blog não existiria...
Boa semana e boas atividades!

SEM MERECIMENTOFrancisco Cândido Xavier

     Em nossa reunião falava-se a respeito das pessoas consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais, e a nossa irmã de sempre, Maria Dolores, escreveu por nosso intermédio a mensagem que intitulou Pai sempre.

 O texto em estudo eram os itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O evangelho segundo o espiritismo, que se ajustava ao assunto, dando motivo a edificantes comentários.
PAI SEMPRE Maria Dolores



Alguém te disse, alma querida e boa,

Que os Espíritos Nobres
Nunca se valem de pessoa
Claramente imperfeita
Em tarefas de amor à Humanidade...
Por isso mesmo o escrúpulo te invade
E, receando a própria imperfeição,
Foges do privilégio de servir
Em que o Senhor te pede trabalhar
A fim de conquistar
O Celeste Porvir...


Reflitamos, no entanto,

Entre simples lições da Natureza;
A semente germina em lauréis de esperança,

Muita vez sob a lama ascorosa e indefesa;
A fonte não seria exemplo de bondade
Em que a vida enxameia,
Se recusasse deslizar
Sobre tratos de terra e lâminas de areia...


Olha as flores do charco

Embalsamando campos e caminhos,
A rosa não desdenha florescer
Entre punhais de espinhos...

Pensa ainda conosco

Nas fraquezas e lágrimas que levas.
O Sol seria o Sol
Se fugisse das trevas?


Esquece pessimismo, acusação, censura,

Nada te desanime, ergue-te e vem...
Conquanto enferma e rude, mesmo assim,
Se te encontras na sombra, avança para a luz,
Sem desertar, porém, de servir com Jesus!
Vem cooperar no amor que devemos ao mundo
E entenderás, por fim,
Que só se vence o mal pelo serviço ao Bem
E que a benção de Deus jamais nos desampara
Nem despreza a ninguém.

 O DOENTE E O REMÉDIOJ. Herculano Pires (Irmão Saulo)

Quando os fariseus censuraram Jesus por sentar-se à mesa com publicanos e pescadores, Ele respondeu: “Os sãos não precisam de médico, mas sim os enfermos.” Essa é a lição evangélica tratada nos itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O evangelho segundo o espiritismo. Como vemos, os temas de estudo nas reuniões públicas com Chico Xavier sempre concordam com os problemas principais que os visitantes de várias cidades vão lá discutir. Os livros são abertos ao acaso, de maneira que essa constância no acerto dos temas basta para provar a ação dos espíritos no desenrolar dos trabalhos.

As atividades espíritas são o meio certo para a cura dos doentes da alma. A terapêutica ocupacional, que é a cura por meio do trabalho, muito antes de ser descoberta pela medicina, era empregada no cristianismo primitivo. Todos os que lutaram pela implantação do cristianismo encaminharam os fracos, os doentes, os viciosos à cura através da execução de tarefas na seara. Há um princípio pedagógico segundo o qual só se aprende fazendo. Como aprender lições da elevação espiritual sem praticá-las? A aptidão para o bem se adquire na prática do bem.
As pessoas consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais são as que mais necessitam de executá-las. Porque o merecimento vem precisamente do esforço e da dedicação. Comentando que a mediunidade é concedida sem distinção, sem escolha, Kardec lembra que ela é dada “aos virtuosos para fortalecer no bem e aos viciosos para os corrigir”. E acrescenta: “Estes últimos são os doentes que precisam de médico.
Maria Dolores, nas suas comparações poéticas, mostra-nos o mesmo principio ao afirmar: “... só se vence o mal pelo serviço ao bem.” Se o serviço do bem é o remédio para o mal, como curar o doente que se recusa a tomar o remédio? As pessoas que se sentem inúteis porque se reconhecem cheias de imperfeições e defeitos, deviam lembrar-se de que Jesus não procurou anjos nem sábios para o serviço do Evangelho, mas homens rudes e imperfeitos que se aprimoraram na execução de tarefas do seu ministério.