Vinte e um de abril é o dia da morte de Tiradentes, morto por lutar pela liberdade. A libertação dos escravos, a liberdade
do povo brasileiro. Uma homenagem justa. Ao lembrar sua morte, surge a questão:
o que é liberdade? Ou ainda, qual das liberdades é a mais essencial? Tiradentes
é iluminista, um seguidor das ideias de Rousseau, por isso busca a liberdade
social e espiritual do povo. Contudo, a humanidade ainda precisará de alguns séculos
para compreender o significado mais profundo da palavra liberdade e qual a
liberdade mais essencial. Eu penso ter aprendido com um amigo espiritual que se
identifica como preto-velho. Certa feita, ele perguntou se sabíamos por que ele
tinha escolhido reencarnar e enfrentar a escravidão. De fato, não sabia a
resposta. Sua resposta é simples e profunda. Disse-nos o motivo: ele queria
libertar-se das correntes invisíveis que prendem muito mais do que as pesadas correntes
que o prendiam na senzala! Aprendeu a lidar com as correntes de ferro e
libertou-se das correntes emocionais que, segundo ele, nós tanto gostamos de
nos prender. Para mim, foi uma lição forte e profunda dada com simplicidade e
bom humor. Hoje, esse amigo, voa e alto. Vai a outros mundos e admira a
grandeza da obra de Deus em profundidade, ele optou ser livre e libertou-se. Para
mim, que ainda não alcancei essa liberdade, o lema da inconfidência mineira é
um consolo e um estímulo para as lutas tão acerbas contra as correntes
invisíveis que ainda me prendem: liberdade ainda que tardia. Libertemo-nos,
ainda que o caminho seja longo.
Boa semana.