Recomeçar é
sempre um ato de coragem. Um amigo
próximo compartilhou comigo o drama emocional que está vivendo: conhece a
Doutrina Espírita, quer espiritualizar-se, mas tem deslizes e quedas morais que
ele mesmo lamenta. Que fazer, indagou-me.
Acima de
tudo é preciso coragem. Fácil o caminho do fingimento; fácil, também, o caminho
do isolamento. Assumir-se em erro, admitir a dor da própria imperfeição custa
muito mais do que os escapismos tão comuns. Contudo, esse é o único caminho que
leva ao amadurecimento emocional. Eis a regra primeira: honestidade.
Em seguida é preciso identificar, por meio de
uma auto-observação honesta, quais os fatores que podem nos induzir ao
desequilíbrio emocional. Hábitos aparentemente inofensivos podem estimular a
muitos desequilíbrios sérios. Uma emoção que todos temos, se excessiva, gera
profundos desequilíbrios: o medo que tem muitos nomes - ansiedade, stress,
nervosismo etc. Cuidar desse sentimento é essencial para o nosso equilíbrio.
Não podemos
nem devemos ter como meta não sentir medo, e sim nos educarmos para lidar bem
com ele e para voltar ao nosso ponto de equilíbrio quando necessário. Quando
somos invadidos pelo medo e não investimos nosso esforço para voltar ao normal,
temos a tendência a querer compensar o sentimento desagradável com algum
excesso, que pode está ligado à alimentação, ao sexo, ao álcool ou outro excesso
qualquer. O importante é estarmos atentos se estamos construindo uma rotina
saudável do ponto de vista emocional e se temos as estratégias adequadas para
manter e restituir nosso equilíbrio emocional e energético.
Algumas
práticas simples podem ser de grande valor. Aprender a se permitir 10 ou 15
minutos de relaxamento em algum momento do dia evita o acúmulo de stress e suas
consequências; ter o hábito de escutar boas músicas; ter uma alimentação
saudável, inclusive, chás diversos; cultivar o otimismo e o bom humor; ter um
ou dois momentos de oração diária; participar a atividades espiritualizantes
(exercício de ajudar alguém); e, acima de tudo, ter fé em Deus, que significa
compreender que sempre acontecerá o melhor para nosso aprendizado e evolução.
São práticas simples de entender, mas que requerem um esforço constante para se
tornarem hábitos diários.
Para
finalizar, lembro uma mensagem do livro Chico
pede licença, psicografia de
Francisco Xavier, que nos incentiva a entender que quanto mais necessitados
somos mais devemos nos dedicar as tarefas espiritualizantes, pois se delas
participassem apenas os que, de fato, merecem, bem pouca gente participaria e
esse blog não existiria...
Boa semana e
boas atividades!
SEM MERECIMENTO • Francisco
Cândido Xavier
Em nossa reunião
falava-se a respeito das pessoas consideradas sem merecimento para a execução
de tarefas espirituais, e a nossa irmã de sempre, Maria Dolores, escreveu por
nosso intermédio a mensagem que intitulou Pai sempre.
O texto em estudo eram os itens 11 e 12 do
capítulo XXIV de O evangelho segundo o espiritismo, que se ajustava ao
assunto, dando motivo a edificantes comentários.
PAI SEMPRE • Maria Dolores
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Alguém te disse, alma querida e boa,
Que os Espíritos Nobres
Nunca se valem de pessoa
Claramente imperfeita
Em tarefas de amor à Humanidade...
Por isso mesmo o escrúpulo te invade
E, receando a própria imperfeição,
Foges do privilégio de servir
Em que o Senhor te pede trabalhar
A fim de conquistar
O Celeste Porvir...
Reflitamos, no entanto,
Entre simples lições da Natureza;
A semente germina em lauréis de esperança,
Muita vez sob a lama ascorosa e indefesa;
A fonte não seria exemplo de bondade
Em que a vida enxameia,
Se recusasse deslizar
Sobre tratos de terra e lâminas de areia...
Olha as flores do charco
Embalsamando campos e caminhos,
A rosa não desdenha florescer
Entre punhais de espinhos...
Pensa ainda conosco
Nas fraquezas e lágrimas que levas.
O Sol seria o Sol
Se fugisse das trevas?
Esquece pessimismo, acusação, censura,
Nada te desanime, ergue-te e vem...
Conquanto enferma e rude, mesmo assim,
Se te encontras na sombra, avança para a luz,
Sem desertar, porém, de servir com Jesus!
Vem cooperar no amor que devemos ao mundo
E entenderás, por fim,
Que só se vence o mal pelo serviço ao Bem
E que a benção de Deus jamais nos desampara
Nem despreza a ninguém.
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O DOENTE E O REMÉDIO
• J. Herculano Pires (Irmão Saulo)
Quando os fariseus censuraram
Jesus por sentar-se à mesa com publicanos e pescadores, Ele respondeu: “Os sãos
não precisam de médico, mas sim os enfermos.” Essa é a lição evangélica tratada
nos itens 11 e 12 do capítulo XXIV de O evangelho segundo o espiritismo.
Como vemos, os temas de estudo nas reuniões públicas com Chico Xavier sempre
concordam com os problemas principais que os visitantes de várias cidades vão
lá discutir. Os livros são abertos ao acaso, de maneira que essa constância no
acerto dos temas basta para provar a ação dos espíritos no desenrolar dos
trabalhos.
As atividades
espíritas são o meio certo para a cura dos doentes da alma. A terapêutica
ocupacional, que é a cura por meio do trabalho, muito antes de ser descoberta
pela medicina, era empregada no cristianismo primitivo. Todos os que lutaram
pela implantação do cristianismo encaminharam os fracos, os doentes, os
viciosos à cura através da execução de tarefas na seara. Há um princípio
pedagógico segundo o qual só se aprende fazendo. Como aprender lições da
elevação espiritual sem praticá-las? A aptidão para o bem se adquire na prática
do bem.
As pessoas
consideradas sem merecimento para a execução de tarefas espirituais são as que
mais necessitam de executá-las. Porque o merecimento vem precisamente do
esforço e da dedicação. Comentando que a mediunidade é concedida sem distinção,
sem escolha, Kardec lembra que ela é dada “aos virtuosos para fortalecer no bem
e aos viciosos para os corrigir”. E acrescenta: “Estes últimos são os doentes
que precisam de médico.
Maria
Dolores, nas suas comparações poéticas, mostra-nos o mesmo principio ao
afirmar: “... só se vence o mal pelo serviço ao bem.” Se o serviço do bem é o
remédio para o mal, como curar o doente que se recusa a tomar o remédio? As
pessoas que se sentem inúteis porque se reconhecem cheias de imperfeições e defeitos,
deviam lembrar-se de que Jesus não procurou anjos nem sábios para o serviço do
Evangelho, mas homens rudes e imperfeitos que se aprimoraram na execução de
tarefas do seu ministério.
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