Participei
do excelente trabalho de confecção da Pomada
do Vovô Pedro, em Fortaleza. É uma experiência fascinante e genuinamente
espírita. A elaboração de receitas espirituais para alívio de quem sofre é uma
das mais belas formas de trabalho em conjunto com a espiritualidade. É uma
tradição antiga do movimento espírita instituída por Allan Kardec e continuada
no Brasil por Eurípedes Barsanulfo e Bezerra de Menezes, além de outros médiuns
como Yvonne do Amaral Pereira e Francisco Cândido Xavier.
Para nossa
felicidade quem iniciou essa tradição foi Ermance Dufaux, a jovem médium que tanto auxiliou
Allan Kardec na codificação do Espiritismo, que ao receber uma receita
mediúnica, utiliza-a e autoriza sua publicação na Revista Espírita. É com alegria
que compartilhamos com vocês o trecho que segue, desejando que possamos
multiplicar esse tipo de atividade que tanto contribui e que tanto poderá
contribuir para o alívio de quem sofre.
Boa semana!
UM REMÉDIO DADO PELOS
ESPÍRITOS.
Este
título vai fazer os incrédulos sorrirem; que importa! ri-se de muitas outras
coisas, o que não impede dessas coisas serem reconhecidas por verdades. Os bons
Espíritos se interessam pelos sofrimentos da Humanidade; não é, pois, de se
admirar que procurem aliviá-los, e, em muitas ocasiões, provaram que o podem,
quando são bastante elevados para terem os conhecimentos necessários, porque
eles veem o que os olhos do corpo não podem ver; preveem o que o homem não pode
prever.
O remédio que está
aqui em questão foi dado nas circunstâncias seguintes, à senhorita Ermance
Dufaux (médium que aos
13 anos psicografou sua primeira obra e foi membro fundadora da Sociedade
Parisiense de Estudos Espíritas) que nos remeteu a fórmula com autorização
de publicá-la para o bem daqueles que poderiam dela ter necessidade. Um de seus
parentes, morto há bastante tempo, havia trazido da América a receita de um unguento,
ou melhor, de uma pomada de uma maravilhosa eficácia para toda espécie de chaga
ou ferida. Com sua morte, essa receita foi perdida; ele não a havia comunicado.
A senhorita Dufaux estava afetada de um mal nas pernas, muito grave e muito
antigo, e que havia resistido a todos os tratamentos; cansada de ter
inutilmente empregado tantos remédios, pediu um dia ao seu Espírito protetor se
não havia para ela cura possível. "Sim, respondeu ele, serve-te da pomada
de teu tio. - Mas sabeis que a receita foi perdida. - Eu vou tá dar,"
disse o Espírito; depois lhe ditou o que segue:
Açafrão.................................20
centigramas
Cominho...............................4
gramas
Cera
amarela........................31 a32 gramas
Óleo de amêndoas
doces.....uma colher
Fundir a cera e
colocar em seguida o óleo de amêndoas doces; acrescentar o cominho e o açafrão
fechados num pequeno saquinho de pano fino, ferver, num fogo brando, durante
dez minutos. Para uso, estende-se essa pomada sobre um pedaço de tela e a
aplica sobre a parte doente, renovando-a todos os dias.
A senhorita Dufaux,
tendo seguido essa prescrição, sua perna foi cicatrizada em pouco tempo, a pele
se reformou, e desde então está muito bem e nenhum acidente sobreveio.
Sua lavadeira foi
curada felizmente de um mal análogo.
Um operário feriu-se
com um fragmento de foice que entrou profundamente na ferida, e havia produzido
inchação e supuração. Falava-se de fazer a amputação. Pelo emprego dessa pomada
o inchaço desapareceu, a supuração terminou e o pedaço de ferro saiu da ferida.
Em oito dias esse homem estava de pé e pôde retomar o seu trabalho.
Aplicada sobre os
furúnculos, os abscessos, panarícios ela faz chegar em pouco tempo e cicatriza
logo. Age atraindo os princípios mórbidos para fora da ferida saneando-a, e
provocando-lhe, se for o caso, a saída de corpos estranhos, tais como as lascas
de osso, de madeira, etc.
Parece que ela é
igualmente muito eficaz para todas as afecções da pele.
Sua composição, como se vê, é muito simples,
fácil, e em todos os casos muito inofensiva; pode-se, pois, sempre tentar sem
medo.
Extraído da
Revista Espírita de 1862.
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