Uma passagem significativa dos Evangelhos é o
debate do adolescente de doze anos com os doutores do templo. Aquele menino
mostra uma sabedoria e profundidade que espantava a todos. Para nós,
reencarnacionistas, há uma explicação simples: a evolução anterior do espírito.
O problema é que a vivência da compreensão reencarnatória é muito diferente a
mera aceitação intelectual. Vejamos.
Para
nós, reencarnacionistas, o que define o grau de compromisso do espírito com as
Leis de Deus é a maturidade espiritual é não a idade corporal como prova Jesus
e como tem provado dezenas de casos históricos, além da observação do dia a dia;
porém, na prática, muitos dos que se afirmam reencarnacionistas, organizam as atividades
espíritas orientados por regras gerais e
padronizadas. Esquecem o exemplo do fundador do Espiritismo no mundo: Jesus de
Nazaré.
Podem
jovens ter acesso a reuniões mediúnicas? Sim. Desde que mostrem compromisso e
seriedade – seriedade não é carranca e sim respeito íntimo pelas Leis de Deus –
é o mesmo critério para adultos. Mas, por incrível que pareça, há quem estipule
idade para participação em reuniões mediúnicas! Meu Deus! Onde aprenderam isso?!
Com o Cristo? Com Allan Kardec? Com quem? Certamente, não foi com ninguém que vivencie e
conheça a mediunidade espírita. Não aprenderam isso com o Cristo, nem o Kardec,
nem o Eurípedes Barsanulfo, muito menos com Chico Xavier ou Yvonne Pereira.
O
Cristo leva Pedro, Tiago e João ao monte Tabor para vivenciarem a experiência
mediúnica de materialização dos espíritos Moisés e Elias; é uma lição belíssima
de uma integração intergeracional: o jovem Cristo reúne Pedro, já maduro, e os irmãos
adolescentes João e Tiago em uma maravilhosa experiência mediúnica. Pedro,
narra o evangelho, afirma: Senhor que bom estarmos aqui. Quem já participou de
um encontro mediúnico sabe como é agradável a presença dos bons espíritos.
Em
seguida, narra o Evangelho de Mateus, no capítulo 17.
5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os
cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me
comprazo; escutai-o.
6 E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram
grande medo.
7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não
tenhais medo.
Assim,
os discípulos perdem o medo do contato com o invisível. Não deveríamos nós, os
discípulos atrasados, os trabalhadores da última hora, fazer o mesmo?
Allan
Kardec trabalhou com jovens de 14 e 16 anos na composição de O Livro dos Espíritos, as meninas
Carolina e Julie Boudin e Ermance Dufaux destacaram-se na recepção de
significativa parte da codificação. Ermance psicografa o livro A História de Joanna D´arc Ditada por Ela Mesma;
Kardec sempre fez questão de destacar a idade de Ermance, talvez para prevenir
ideias não espíritas contrárias à mediunidade dos jovens. Afinal, ele é
reencarnacionista.
Segue
uma mensagem de São Luís, espírito responsável pela Sociedade Parisiense de
Estudos Espíritas, o primeiro centro espírita do mundo, por intermédio de
Ermance Dufaux que na época tinha 17 anos e uma boa experiência mediúnica.
A PREGUIÇA,
Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Ermance Dufaux.
(5
de maio de 1858)
l.
Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar
trabalhadores. Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços
cruzados. Foi a um deles e o abordou dizendo: "Que fazes tu
aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que
procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu
campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e
revólveres o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom
salário." E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros,
agradecendo-lhe em seu coração.
O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e
se aproximou dizendo: "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso
campo;" e o senhor tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para
lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a
obra em duas partes e se foi dali.
Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia
contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha,
e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. O suor jorrou do seu rosto sob o
ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu
trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu
companheiro trabalhar.
Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra
realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo:
"Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe deu uma peça de prata,
despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua
jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará
tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia
confiado;" não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como
aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.
II
Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao
seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil
aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito
ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa.
Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma
coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei
isto por uma comparação. Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que
não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor - cortai essa árvore e
lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa
árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de
lado porque terá sido estéril em boas obras.
(Extraído
da Revista Espírita de Junho de 1858).
Para
conhecermos a posição de Eurípedes Barsanulfo sobre a mediunidade, basta ler o
livro Meu Amigo: Eurípedes Barsanulfo que
pode ser baixado, gratuitamente, em nosso blog. Eurípedes não apenas ensinava mediunidade
aos seus alunos como os convidava a participarem de reuniões mediúnicas e a
cuidarem de obsediados. Semanalmente, recebia mensagens espirituais no estudo
dos realizados as quartas-feiras que participavam jovens e crianças a partir de
quatro anos de idade.
Desnecessário
falar sobre Chico Xavier que aos 10 anos de idade psicografou uma redação em
sala da aula, que foi premiada pelo governo de Minas, e, para provar a imortalidade,
psicografou no quadro, em frente à professora e aos alunos uma bela estrofe
sobre um difícil tema dado na hora, em tom de desafio e ironia: areia.
Meus filhos, ninguém
escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela
pequenina refletindo o sol de Deus.
Falar da mediunidade de Yvonne Pereira talvez seja ainda mais
radical. Ela afirma, em entrevista, que convivia com os espíritos desde pelo menos
três anos de idade. Aos 12 anos inicia a psicografia; aos 21 anos coordena um
trabalho de desobsessão. Se Yvonne não tivesse iniciado na idade certa suas
atividades psicográficas, talvez não tivesse conseguido receber uma das obras
mais importante do Espiritismo o livro Memórias
de um Suicida que antecipa as informações sobre a vida espiritual dadas no
livro Nosso Lar auxiliando a adotarmos
o critério de Kardec da comparação das comunicações dados por meio de
diferentes médiuns.
Por que se é contrário ao exercício mediúnico dos jovens? Não sei
exatamente. Talvez ignorância doutrinária, talvez preguiça, talvez medo. Afirmamos
para nós mesmos e para todos que querem bloquear a mediunidade. Levantai-vos e não tenhais medo.