quarta-feira, 19 de setembro de 2012

O Cristo adolescente e os jovens espíritas


 Uma passagem significativa dos Evangelhos é o debate do adolescente de doze anos com os doutores do templo. Aquele menino mostra uma sabedoria e profundidade que espantava a todos. Para nós, reencarnacionistas, há uma explicação simples: a evolução anterior do espírito. O problema é que a vivência da compreensão reencarnatória é muito diferente a mera aceitação intelectual. Vejamos.
Para nós, reencarnacionistas, o que define o grau de compromisso do espírito com as Leis de Deus é a maturidade espiritual é não a idade corporal como prova Jesus e como tem provado dezenas de casos históricos, além da observação do dia a dia; porém, na prática, muitos dos que se afirmam reencarnacionistas, organizam as atividades espíritas orientados  por regras gerais e padronizadas. Esquecem o exemplo do fundador do Espiritismo no mundo: Jesus de Nazaré.
Podem jovens ter acesso a reuniões mediúnicas? Sim. Desde que mostrem compromisso e seriedade – seriedade não é carranca e sim respeito íntimo pelas Leis de Deus – é o mesmo critério para adultos. Mas, por incrível que pareça, há quem estipule idade para participação em reuniões mediúnicas! Meu Deus! Onde aprenderam isso?! Com o Cristo? Com Allan Kardec? Com quem?  Certamente, não foi com ninguém que vivencie e conheça a mediunidade espírita. Não aprenderam isso com o Cristo, nem o Kardec, nem o Eurípedes Barsanulfo, muito menos com Chico Xavier ou Yvonne Pereira.
O Cristo leva Pedro, Tiago e João ao monte Tabor para vivenciarem a experiência mediúnica de materialização dos espíritos Moisés e Elias; é uma lição belíssima de uma integração intergeracional: o jovem Cristo reúne Pedro, já maduro, e os irmãos adolescentes João e Tiago em uma maravilhosa experiência mediúnica. Pedro, narra o evangelho, afirma: Senhor que bom estarmos aqui. Quem já participou de um encontro mediúnico sabe como é agradável a presença dos bons espíritos.
Em seguida, narra o Evangelho de Mateus, no capítulo 17.
5 E, estando ele ainda a falar, eis que uma nuvem luminosa os cobriu. E da nuvem saiu uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; escutai-o.

6 E os discípulos, ouvindo isso, caíram sobre seu rosto e tiveram grande medo.

7 E, aproximando-se Jesus, tocou-lhes e disse: Levantai-vos e não tenhais medo.

Assim, os discípulos perdem o medo do contato com o invisível. Não deveríamos nós, os discípulos atrasados, os trabalhadores da última hora, fazer o mesmo?
Allan Kardec trabalhou com jovens de 14 e 16 anos na composição de O Livro dos Espíritos, as meninas Carolina e Julie Boudin e Ermance Dufaux destacaram-se na recepção de significativa parte da codificação. Ermance psicografa o livro A História de Joanna D´arc Ditada por Ela Mesma; Kardec sempre fez questão de destacar a idade de Ermance, talvez para prevenir ideias não espíritas contrárias à mediunidade dos jovens. Afinal, ele é reencarnacionista.


Segue uma mensagem de São Luís, espírito responsável pela Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, o primeiro centro espírita do mundo, por intermédio de Ermance Dufaux que na época tinha 17 anos e uma boa experiência mediúnica.
A PREGUIÇA,
Dissertação moral ditada por São Luís à senhorita Ermance Dufaux.
(5 de maio de 1858)
l.
Um homem saiu de madrugada e foi para a praça pública para ajustar trabalhadores. Ora, ele viu dois homens do povo que estavam sentados de braços cruzados. Foi a um deles e o abordou dizendo: "Que fazes tu aqui?" e este tendo respondido: "Não tenho trabalho", aquele que procurava trabalhadores lhe disse: "Tome tua enxada, e vá para o meu campo, sobre a vertente da colina, onde sopra o vento sul; cortarás a urze e revólveres o solo até que a noite chegue; a tarefa é rude, mas terás um bom salário." E o homem do povo carregou a enxada sobre os ombros, agradecendo-lhe em seu coração.
O outro trabalhador, tendo ouvido isso, se ergueu do seu lugar e se aproximou dizendo: "Senhor, deixai-me também ir trabalhar em vosso campo;" e o senhor tendo dito a ambos para segui-lo, caminhou adiante para lhes mostrar o caminho. Depois, quando chegaram à beira da colina, dividiu a obra em duas partes e se foi dali.
Depois que partiu, o último dos trabalhadores que havia contratado, primeiramente pôs fogo nas urzes do lote que lhe coube em partilha, e trabalhou a terra com o ferro de sua enxada. O suor jorrou do seu rosto sob o ardor do sol. O outro o imitou primeiro murmurando, mas se cansou cedo do seu trabalho, e cravando sua enxada sob o sol, sentou-se perto, olhando seu companheiro trabalhar.
Ora, o senhor do campo veio perto da noite, e examinou a obra realizada, e tendo chamado a ele o obreiro diligente, cumprimentou-o dizendo: "Trabalhaste bem; eis teu salário," e lhe deu uma peça de prata, despedindo-o. O outro trabalhador se aproximou também e reclamou o preço de sua jornada; mas o senhor lhe disse: "Mau trabalhador, meu pão não acalmará tua fome, porque deixaste inculta a parte de meu campo que te havia confiado;" não é justo que aquele que nada fez seja recompensado como aquele que trabalhou bem; e o mandou embora sem nada lhe dar.
II
Eu vos digo, a força não foi dada ao homem, e a inteligência ao seu espírito, para que consuma seus dias na ociosidade, mas para que seja útil aos seus semelhantes. Ora, aquele cujas mãos sejam desocupadas e o espírito ocioso será punido, e deverá recomeçar sua tarefa.
Eu vos digo, em verdade, sua vida será lançada de lado como uma coisa que não foi boa em nada, quando seu tempo se tiver cumprido; compreendei isto por uma comparação. Qual dentre vós, se há em vosso pomar uma árvore que não produz bons frutos, não dirá ao seu servidor - cortai essa árvore e lançai-a ao fogo, porque seus ramos são estéreis. Ora, do mesmo modo que essa árvore será cortada por sua esterilidade, a vida do preguiçoso será posta de lado porque terá sido estéril em boas obras.
(Extraído da Revista Espírita de Junho de 1858).
Para conhecermos a posição de Eurípedes Barsanulfo sobre a mediunidade, basta ler o livro Meu Amigo: Eurípedes Barsanulfo que pode ser baixado, gratuitamente, em nosso blog. Eurípedes não apenas ensinava mediunidade aos seus alunos como os convidava a participarem de reuniões mediúnicas e a cuidarem de obsediados. Semanalmente, recebia mensagens espirituais no estudo dos realizados as quartas-feiras que participavam jovens e crianças a partir de quatro anos de idade.
Desnecessário falar sobre Chico Xavier que aos 10 anos de idade psicografou uma redação em sala da aula, que foi premiada pelo governo de Minas, e, para provar a imortalidade, psicografou no quadro, em frente à professora e aos alunos uma bela estrofe sobre um difícil tema dado na hora, em tom de desafio e ironia: areia.
Meus filhos, ninguém escarneça da criação. O grão de areia é quase nada, mas parece uma estrela pequenina refletindo o sol de Deus.
Falar da mediunidade de Yvonne Pereira talvez seja ainda mais radical. Ela afirma, em entrevista, que convivia com os espíritos desde pelo menos três anos de idade. Aos 12 anos inicia a psicografia; aos 21 anos coordena um trabalho de desobsessão. Se Yvonne não tivesse iniciado na idade certa suas atividades psicográficas, talvez não tivesse conseguido receber uma das obras mais importante do Espiritismo o livro Memórias de um Suicida que antecipa as informações sobre a vida espiritual dadas no livro Nosso Lar auxiliando a adotarmos o critério de Kardec da comparação das comunicações dados por meio de diferentes médiuns.
Por que se é contrário ao exercício mediúnico dos jovens? Não sei exatamente. Talvez ignorância doutrinária, talvez preguiça, talvez medo. Afirmamos para nós mesmos e para todos que querem bloquear a mediunidade. Levantai-vos e não tenhais medo. 

Nenhum comentário: