Amigos e amigas,
A história do
cristianismo está intrinsecamente ligada aos fenômenos mediúnicos. Não fossem
as curas do Cristo; as materializações dos espíritos de Moisés e de Elias e do
próprio Mestre; as vidências de Pedro, João e Paulo – para citar alguns; os
fenômenos da voz direta e a inspiração mediúnica aos que escreveram as cartas
apostólicas sob a coordenação do apóstolo dos gentios, o grande Paulo de Tarso,
não haveria cristianismo no mundo. A mensagem de amor do Mestre não teria
sobrevivido à ambição e a inferioridade da muitos que O traíram dizendo servi-lO.
Por isso, estamos felizes em compartilhar com você os comentários de Cairbar
Schutel, um amigo espiritual profundamente ligado à história do cristianismo
nascente, sobre a obra Paulo e Estevão,
de Emmanuel; um livro que, segundo Herculano Pires, por si só, justificaria a
encarnação de Chico Xavier. Portanto, é uma alegria encontrar com você aqui, vamos
conversar sobre os comentários inteligentes e profundos feitos a respeito da
vida do abnegado e austero Paulo.
Boa semana!
Nota de esclarecimento do comentador espiritual.
Destacamos nossos comentários sublinhando-os e, em negrito, os trechos que
destacamos do texto original da obra Paulo e Estevão.
Objetivo da obra de Emmanuel
Breve Notícia
Esclarecemos, ainda, que não é
nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada.
O mundo está repleto dessas
fichas educativas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor
e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de
um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os
passos do Mestre, num esforço incessante.
As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos desejos dos crentes,
nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.
Em toda parte há tendências à ociosidade do espírito e manifestações
de menor esforço.
Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros,
distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção
sobrenatural do Céu. Templos e devotos entregam-se, gostosamente, às situações
acomodatícias, preferindo as dominações e regalos de ordem material.
Observando esse panorama
sentimental é útil recordarmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.
* * *
Nosso objetivo
É preciso avaliar até que ponto tal
comportamento - das igrejas amornecidas - não atingiu o atual movimento
espírita. Para isso, relacionaremos a forma do apóstolo Paulo e outros cristãos
de lidar com os fenômenos mediúnicos, e também, como o farisaísmo que proteja a
comodidade se manifestou nas igrejas cristãs ao ponto de pervertê-las.
A mediunidade é, por excelência, o ponto de
ataque dos fariseus antigos e modernos, porque os espíritos do Senhor jamais se
converteriam em farsantes interesseiros e jamais negociariam com os bens
celestes. O contato com os espíritos nobre vivifica moralmente a criatura,
orienta-a e dirime dúvidas e superstições. A mediunidade-cristã é o caminho de
libertação da criatura e de superação dos interesses mesquinhos. Não por acaso,
ele é atacada tão ferozmente por todos aqueles que nem se espiritualizam nem
deixam os outros espiritualizarem, ou no ensina o Mestre da Galileia – Fariseus
hipócritas que nem entram nem deixam os outros entrarem no Reino de Deus.
Nossa obra de comentário é um apelo sincero
que visa tocar os corações dos espíritas que ainda guardam a coragem e a
reserva moral para endireitar seus caminhos, sacudir a poeira dos apegos
materiais e seguir o Cristo. Nossa obra é um alerta aos fariseus do passado que
hoje, no seio do Consolador, desprezam a chance generosa dado pelo Rabi da
Galileia e tripudiam ante a obrigação de se reformar. É também, nossa obra, um
último aviso, para muitos, que sorriem acreditando-se eleitos do Senhor por
ocupar algum lugar de destaque nas tribunas espírita da adoração e da vaidade.
Atentem, amigos, os tempos são chegados e os gozadores de todos os tempos tem
seu tempo, nesse planeta, contado. Em breve, reinará a justiça sobre a Terra e
os rebeldes e arrogantes irão purgar-se por meio do choro e do ranger de
dentes. Que o Senhor, que é o sol moral deste mundo, apiede-se de todos nós e
nos auxilie, mais uma vez, a superar o ódio, a calúnia que nos inferioriza e
diminui e fazer brilhar aos olhos do mundo a grandeza do Consolador.
PARTE PRIMEIRA
Capítulo 4
Nas estradas de Jope
Mediunidade de
cura de Estevão é utilizada para consolar e propagar a verdade – que são os
ensinos de Jesus.
A palestra continuou animada e, em dado instante, o moço
de Tarso inquiriu o amigo sobre os motivos que o traziam a Jerusalém.
— Vim
certificar-me da cura de meu tio Filodemos, que ficou curado da velha cegueira,
mediante processos misteriosos.
E, como se trouxesse o cérebro onusto de
interrogações de toda sorte, para as quais não encontrava resposta nos
próprios conhecimentos, acentuou:
— Já ouviste
falar nos homens do “Caminho”?
— Ah! Andrônico
falou-me a respeito deles, há muito tempo. Não se trata de uns pobres galileus
maltrapilhos e ignorantes que se refugiam nos bairros desprezíveis?
— Isso,
justamente.
E contou que um homem chamado Estevão, portador de
virtudes sobrenaturais, no dizer do povo, havia devolvido a vista ao tio, com
assombro geral de muita gente.
— Como é isso? —
disse Saulo admirado. Como pôde Filodemos submeter-se a experiências tão
sórdidas? Acaso não terá compreendido que o fato pode radicar nas artimanhas
dos inimigos de Deus? Várias vezes, desde que Andrônico me referiu o assunto
pela primeira vez, tenho ouvido comentários a respeito desses homens e cheguei
mesmo a trocar idéias com Gamaliel, no intuito de reprimir essas atividades
perniciosas; entretanto, o mestre, com a tolerância que o caracteriza, me fez
ver que essa gente vem auxiliando a numerosas pessoas sem recursos.
— Sim — atalhou
o outro —, mas ouço dizer que as pregações de Estevão estão arrebanhando muitos
estudiosos a novos princípios que, de algum modo, infirmam a Lei de Moisés.
— Todavia, não
foi um carpinteiro galileu, obscuro, sem cultura, que originou tal movimento?
Que poderíamos esperar da Galiléia? Porventura terá produzido outra coisa além
de legumes e peixes?
E, contudo, o carpinteiro martirizado
tornou-se um ídolo para os sequazes. Procurando desfazer as impressões de meu
tio, chamando-o à razão com a energia necessária, fui levado a visitar, ontem,
as obras de caridade dirigidas por um tal Simão Pedro. É uma instituição
estranha e que não deixa de ser extraordinária. Crianças desamparadas que
encontram carinho, leprosos que recobram a saúde, velhos enfermos e desprotegidos
da sorte, que exultam de conforto.
— Mas os
doentes? Onde ficam esses doentes? —interrogou Saulo assombrado.
— Todos se agasalham
junto desses homens incompreensíveis.
— Estão todos malucos!
— disse o moço de Tarso com a franqueza espontânea que lhe marcava as atitudes.
Ambos trocaram impressões íntimas, sobre a nova doutrina,
pontuando de ironia o comentário de muitos fatos piedosos que empolgavam a
atenção do povo simples de Jerusalém.
O fenômeno mediúnico de cura, hoje tão temido pelos
espíritas-cristãos, foi um dos mais poderosos auxiliares do cristianismo
nascente. Diz-se que tais fenômenos não são mais necessários. Será? Tornou-se a
criatura encarnada na Terra já suficientemente espiritualizada para dispensar as
provas objetivas da imortalidade? Está a criatura, na Terra, já tão desprendida
das sensasões materiais a ponto de dispensar alívio de seus sofrimentos? Utilizaram
o Mestre e seus discípulos mais próximos recursos inadequados para auxiliar o
povo sofredor?
Pensamos que o cristianismo é o mesmo, porque nosso
Mestre continua o mesmo. Uma forma de acomodação visível é essa: foge-se das
responsabilidades da propagação das verdades espirituais por medo e comodidade
com belas desculpas; vela-se o real motivo: ausência de ânimo de testemunhar a
verdade.
Até dia 17 de dezembro!