segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Paulo e Estevão e a Mediunidade



Amigos e amigas,

A história do cristianismo está intrinsecamente ligada aos fenômenos mediúnicos. Não fossem as curas do Cristo; as materializações dos espíritos de Moisés e de Elias e do próprio Mestre; as vidências de Pedro, João e Paulo – para citar alguns; os fenômenos da voz direta e a inspiração mediúnica aos que escreveram as cartas apostólicas sob a coordenação do apóstolo dos gentios, o grande Paulo de Tarso, não haveria cristianismo no mundo. A mensagem de amor do Mestre não teria sobrevivido à ambição e a inferioridade da muitos que O traíram dizendo servi-lO. Por isso, estamos felizes em compartilhar com você os comentários de Cairbar Schutel, um amigo espiritual profundamente ligado à história do cristianismo nascente, sobre a obra Paulo e Estevão, de Emmanuel; um livro que, segundo Herculano Pires, por si só, justificaria a encarnação de Chico Xavier. Portanto, é uma alegria encontrar com você aqui, vamos conversar sobre os comentários inteligentes e profundos feitos a respeito da vida do abnegado e austero Paulo.

Boa semana!

Nota de esclarecimento do comentador espiritual.

Destacamos nossos comentários sublinhando-os e, em negrito, os trechos que destacamos do texto original da obra Paulo e Estevão.




Objetivo da obra de Emmanuel

Breve Notícia

Esclarecemos, ainda, que não é nosso propósito levantar apenas uma biografia romanceada.
O mundo está repleto dessas fichas educa­tivas, com referência aos seus vultos mais notáveis. Nosso melhor e mais sincero desejo é recordar as lutas acerbas e os ásperos testemunhos de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante.
As igrejas amornecidas da atualidade e os falsos de­sejos dos crentes, nos diversos setores do Cristianismo, justificam as nossas intenções.
Em toda parte há tendências à ociosidade do espí­rito e manifestações de menor esforço. Muitos discípulos disputam as prerrogativas de Estado, enquanto outros, distanciados voluntariamente do trabalho justo, suplicam a proteção sobrenatural do Céu. Templos e devotos entre­gam-se, gostosamente, às situações acomodatícias, prefe­rindo as dominações e regalos de ordem material.
Observando esse panorama sentimental é útil recor­darmos a figura inesquecível do Apóstolo generoso.

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Nosso objetivo

É preciso avaliar até que ponto tal comportamento - das igrejas amornecidas - não atingiu o atual movimento espírita. Para isso, relacionaremos a forma do apóstolo Paulo e outros cristãos de lidar com os fenômenos mediúnicos, e também, como o farisaísmo que proteja a comodidade se manifestou nas igrejas cristãs ao ponto de pervertê-las.
A mediunidade é, por excelência, o ponto de ataque dos fariseus antigos e modernos, porque os espíritos do Senhor jamais se converteriam em farsantes interesseiros e jamais negociariam com os bens celestes. O contato com os espíritos nobre vivifica moralmente a criatura, orienta-a e dirime dúvidas e superstições. A mediunidade-cristã é o caminho de libertação da criatura e de superação dos interesses mesquinhos. Não por acaso, ele é atacada tão ferozmente por todos aqueles que nem se espiritualizam nem deixam os outros espiritualizarem, ou no ensina o Mestre da Galileia – Fariseus hipócritas que nem entram nem deixam os outros entrarem no Reino de Deus.
Nossa obra de comentário é um apelo sincero que visa tocar os corações dos espíritas que ainda guardam a coragem e a reserva moral para endireitar seus caminhos, sacudir a poeira dos apegos materiais e seguir o Cristo. Nossa obra é um alerta aos fariseus do passado que hoje, no seio do Consolador, desprezam a chance generosa dado pelo Rabi da Galileia e tripudiam ante a obrigação de se reformar. É também, nossa obra, um último aviso, para muitos, que sorriem acreditando-se eleitos do Senhor por ocupar algum lugar de destaque nas tribunas espírita da adoração e da vaidade. Atentem, amigos, os tempos são chegados e os gozadores de todos os tempos tem seu tempo, nesse planeta, contado. Em breve, reinará a justiça sobre a Terra e os rebeldes e arrogantes irão purgar-se por meio do choro e do ranger de dentes. Que o Senhor, que é o sol moral deste mundo, apiede-se de todos nós e nos auxilie, mais uma vez, a superar o ódio, a calúnia que nos inferioriza e diminui e fazer brilhar aos olhos do mundo a grandeza do Consolador.


PARTE PRIMEIRA
Capítulo 4
Nas estradas de Jope

Mediunidade de cura de Estevão é utilizada para consolar e propagar a verdade – que são os ensinos de Jesus.
A palestra continuou animada e, em dado instante, o moço de Tarso inquiriu o amigo sobre os motivos que o traziam a Jerusalém.
—     Vim certificar-me da cura de meu tio Filodemos, que ficou curado da velha cegueira, mediante processos misteriosos.
E, como se trouxesse o cérebro onusto de interro­gações de toda sorte, para as quais não encontrava res­posta nos próprios conhecimentos, acentuou:
—     Já ouviste falar nos homens do “Caminho”?
—     Ah! Andrônico falou-me a respeito deles, há muito tempo. Não se trata de uns pobres galileus mal­trapilhos e ignorantes que se refugiam nos bairros des­prezíveis?
—     Isso, justamente.
E contou que um homem chamado Estevão, por­tador de virtudes sobrenaturais, no dizer do povo, havia devolvido a vista ao tio, com assombro geral de muita gente.
—     Como é isso? — disse Saulo admirado. Como pôde Filodemos submeter-se a experiências tão sórdidas? Acaso não terá compreendido que o fato pode radicar nas artimanhas dos inimigos de Deus? Várias vezes, desde que Andrônico me referiu o assunto pela primeira vez, tenho ouvido comentários a respeito desses homens e cheguei mesmo a trocar idéias com Gamaliel, no intuito de reprimir essas atividades perniciosas; entretanto, o mestre, com a tolerância que o caracteriza, me fez ver que essa gente vem auxiliando a numerosas pessoas sem recursos.
—     Sim — atalhou o outro —, mas ouço dizer que as pregações de Estevão estão arrebanhando muitos es­tudiosos a novos princípios que, de algum modo, infirmam a Lei de Moisés.
—     Todavia, não foi um carpinteiro galileu, obscuro, sem cultura, que originou tal movimento? Que pode­ríamos esperar da Galiléia? Porventura terá produzido outra coisa além de legumes e peixes?
E, contudo, o carpinteiro martirizado tornou-se um ídolo para os sequazes. Procurando desfazer as im­pressões de meu tio, chamando-o à razão com a ener­gia necessária, fui levado a visitar, ontem, as obras de caridade dirigidas por um tal Simão Pedro. É uma instituição estranha e que não deixa de ser extraordinária. Crianças desamparadas que encontram carinho, leprosos que recobram a saúde, velhos enfermos e des­protegidos da sorte, que exultam de conforto.
—     Mas os doentes? Onde ficam esses doentes? —interrogou Saulo assombrado.
—     Todos se agasalham junto desses homens incompreensíveis.
—     Estão todos malucos! — disse o moço de Tarso com a franqueza espontânea que lhe marcava as atitudes.
Ambos trocaram impressões íntimas, sobre a nova doutrina, pontuando de ironia o comentário de muitos fatos piedosos que empolgavam a atenção do povo simples de Jerusalém.
fenômeno mediúnico de cura, hoje tão temido pelos espíritas-cristãos, foi um dos mais poderosos auxiliares do cristianismo nascente. Diz-se que tais fenômenos não são mais necessários. Será? Tornou-se a criatura encarnada na Terra já suficientemente espiritualizada para dispensar as provas objetivas da imortalidade? Está a criatura, na Terra, já tão desprendida das sensasões materiais a ponto de dispensar alívio de seus sofrimentos? Utilizaram o Mestre e seus discípulos mais próximos recursos inadequados para auxiliar o povo sofredor?
Pensamos que o cristianismo é o mesmo, porque nosso Mestre continua o mesmo. Uma forma de acomodação visível é essa: foge-se das responsabilidades da propagação das verdades espirituais por medo e comodidade com belas desculpas; vela-se o real motivo: ausência de ânimo de testemunhar a verdade.

Até dia 17 de dezembro!


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