quarta-feira, 25 de julho de 2012

Marcos: uma encarnação de Eurípedes Barsanulfo



 
        No excelente livro A Grande Espera de autoria de Eurípedes Barsanulfo, psicografia de Corina Novelino, temos a surpreendente e empolgante história da relação dos essênios com o cristianismo, bem como, a relação de importantes trabalhadores do movimento espírita com Jesus no período em que esteve na Terra.
        O título do livro refere-se à espera dos essênios pelo Cristo, pois eles sabiam que a Grande Estrela já estava reencarnada e procuravam-no em todos os lugares. A busca pelo Cristo já prova a elevação desse grupo de iniciados, mas o livro também narra o dia a dia do povoado essênio em que Marcos ingressou, ainda adolescente, após vivenciar uma tragédia familiar. O povoado era conduzido pelo sábio Lisandro, espírito com profundo conhecimento espiritual e imensa capacidade de amar.  O livro é uma saga de espíritos sábios e corajosos que lutam para encontrar o Cristo e ter a honra de servir inspirados por Seu amor. Sem os essênios o cristianismo primitivo seria muito limitado.
        Hoje, curiosamente, muitos destes espíritos atuam diretamente no Movimento do Consolador. O período que vivemos possui semelhanças históricas com a época do Cristo no que se refere às profundas transformações sociais e espirituais que devemos vivenciar. Talvez, por isso, Lisandro – Bezerra de Menezes e Marcos – Eurípedes Barsanulfo tenham participado do início do Movimento Espírita no Brasil e, atualmente, nos dirijam da espiritualidade.
É com alegria que compartilho com vocês um trecho do livro A Grande Espera, do Instituto de Difusão Espírita – IDE. 
O diálogo entre o ancião Lisandro e o adolescente Marcos muito tem a nos ensinar.
Boa semana, amigos!

convite de Lisandro, Marcos sentava-se todas as tardes à soleira da porta modesta, após os trabalhos santificantes do dia.
Ali conversavam horas inteiras até o final da primeira vigília noturna, quando as estrelas já haviam tomado posição, no eterno cortejo de luzes pelo firmamento sem mácula.
O menino adorava as informações acerca dos companheiros de ideais do generoso ancião.
Ficara sabendo que a seita era relativamente nova, havendo surgido depois de outras facções religiosas de Judéia - a dos saduceus e a dos fariseus – cujos princípios divergiam frontalmente da fúlgida seita de Lisandro.
O ancião confiara ao pequeno discípulo que o Pai incumbira-os da tarefa do preparo dos corações para o advento da Grande Estrela. Porque as consciências carregavam-se de pecados e as mentes precisavam da iluminação pelos conhecimentos espirituais, a fim de que o Viajor Celeste encontre o caminho terreno mais arejado, os corações preparados para o entendimento da Grande Lição redentora.
Para a concretização do objetivo sublime aqueles homens vieram de outras terras, reunindo-se sob os céus de Israel, cujo solo receberia a graça de ser pisado pelo Messias. Procediam esses missionários da Vontade Divina da vários países, tais como: Pérsia, Síria, Grécia, Alexandria e outros centros avançados do saber humano, trazendo imenso cabedal de experiências científicas e filosóficas, que oferecem a quantos desejem receber a dádiva do conhecimento.
Os olhos de Marcos tornavam-se chamejantes, qual belo par de setas, que ganhassem viagem, sem saber até que ponto e distância a força penetrante do entusiasmo as conduzirá.
O menino sentia-se altamente preocupado em ouvir Lisandro. Como a doce voz do ancião lhe penetrava o íntimo!
A tarde do décimo dia de permanência de Marcos, na morada singela de Lisandro, fora-lhe particularmente inesquecível.  
Achavam-se sentados à soleira humilde e o Sol descambava no horizonte límpido, semelhando-se a gigantesca tocha às mãos de prodigioso corredor, a empreender fantástica maratona, pelos caminhos conhecidos do campo celeste. O crepúsculo propiciava temperatura ligeiramente amena.
Os dois companheiros contemplavam a descida do Astro da Vida, com sagrado respeito, sob as harmonias do silêncio. Muito tempo ficaram no recolhimento estático, como que receosos de quebrar o encantamento daquele divino instante.
Lisandro observou, em voz baixa:
- Marcos, meu filho, sentimos a grandeza indefinível do Poder Divino. Todavia, bem pouco conhecemos dessa Potência, que nos oferece tantas maravilhas...
Após ligeira pausa, o ancião concluiu:
- Teu coração conhece agora a presença do Pai Divino – Único e Eterno – e não podes duvidar da Sua Onipotência...
- Sim, amado mestre, depois que me mostrastes tantos testemunhos do Poder Superior, como duvidar d´Ele? – anuiu o menino, com olhos postos na linha do horizonte, onde o atleta miraculoso penetrava o último marco da corrida espetacular, conduzindo à meta final a tocha do triunfo...
- Agora, meu filho, torna-se imprescindível a tua entrada no terreno prático do aprendizado. Amanhã mesmo conduzir-te-ei ao nosso povoado, não longe daqui. Entrarás em contato com outros meninos de tua idade, aprendizes dos princípios vigentes em nossa seita, segundo os quais todo candidato à espera da Grande Estrela deve preparar-se para o evento sublime. Todos estudam com alegria as ciências fundamentais e penetram o mundo encantador dos sons, aprimorando a divina arte musical. Quando o Cordeiro de Deus chegar é necessário encontre os pastores, entoando belas melodias nas avenas humildes, enquanto o aprendiz dedica-se também à lavoura, aos trabalhos de tear e cerâmica. O lema daquele que aguarda a chegado do Messias nesta seita é: mente e mãos ocupadas, sob a grande voz do silêncio.  
As últimas palavras de Lisandro foram sublimadas por significativo sorriso.
Marcos indagou, ansioso:
- Ficarei lá, então? Oh, sofrerei muito se tiver de deixar-vos!
Lisandro estremeceu, mas reaprumou-se logo, observando carinhoso:
- Será o primeiro sacrifício, meu filho. Saibas que muitos outros serão exigidos de tua coragem, que se fortalecerá no devotamento à causa da Grande Espera, através do trabalho e do estudo. Todavia, amado filho, não nos assiste o direito de violentar-te a vontade. Farás o que a consciência aconselhar-te. O livre arbítrio é sagrada faculdade, doada à criatura por divina concessão...
Os olhos expressivos de Marcos brilhavam, demorando-se na primeira estrela, que surgira de inopino no céu sem nuvens. O olhar molhado semelhava-se-lhe ao oceano: refletia na superfície azulada a profunda agitação interior.
Como dizer a Lisandro que não desejava, por nada no mundo, sair-lhe do lado?
Mas sabia que o amigo não aconselhava uma coisa injusta. Tudo que falava era certo. Terrivelmente exato e necessário... Como foram suaves e bons aqueles dias de convívio com Lisandro! Certamente não teria o menino outros semelhantes nunca mais...
A essa altura das ilações silenciosas de Marcos, o ancião obtemperou, indo-lhe, mais uma vez, ao encontro dos pensamentos doloridos:
- Os teus dias, meu filho, serão sempre luminosos. Mesmo quando tiverdes de provar o cálice do sacrifício supremo. Aquele que espera o divino Enviado nos trabalhos sublimes da própria santificação, jamais terá tristezas duradouras. Estas serão passageiras como os ventos frios e esporádicos, que descem do norte, e são envolvidos pelas brisas mornas do sul.
O menino assombrou-se com a singular faculdade do ancião de penetrar-lhe os mais íntimos pensamentos, embora houvesse recebido outros atestados, em várias oportunidades.
 - Como podeis sondar-me os pensamentos mais escondidos, Mestre? – indagou Marcos emocionado.
- Teu coração é um livro aberto para o meu. Nele leio como se tivesse diante dos olhos a página querida de um livro precioso. Porque nos entendemos e nossas almas se entrelaçam em raízes muito antigas, que vitalizam a grande árvore do Amor, dentro do solo dos séculos...

(Extraído do capítulo 11 do livro A Grande Espera, IDE).





2 comentários:

Atom Shared disse...

Mas a encarnação de Bezerra de Menezes não era Ezequiel?

Iracilda F Branco disse...

Não poderia ser Zaqueu uma vez que Emmanoel confirmou ser Lisandro