Amigas e amigos,
Concluiremos essa semana
nossas reflexões sobre o medo com três textos: a Parábola dos Talentos comentada
por Emmanuel e um texto Revista Espírita. Desejamos que as reflexões sobre o
medo tenha nos ajudado a entender a diferença entre o medo disfarçado de
prudência que nos paralisa e o medo conduzido de uma forma saudável que nos
auxilia a crescer espiritualmente de forma dedicada e ordenada. Certamente voltaremos
a esse tema, pois o medo da mediunidade-cristã tem se ampliado em nosso
movimento e refletir sobre o assunto é uma forma de contribuirmos para uma vivência
mediúnica mais coerente com os propósitos do Consolador.
Boa semana e boas reflexões!
Não temais
(A expressão - não temais - é encontrada mais de trezentas vezes no Evangelho)
PARÁBOLA DOS TALENTOS
Um homem que ia ausentar-se para longe,
chamou os seus servos e lhes entregou os seus bens. E deu a um cinco talentos,
e a outros dois, e a outro deu um, a cada um segundo a sua capacidade, e partiu
logo.
O que recebera cinco talentos foi negociar
e ganhou outros cinco. Da mesma forma o que recebera dois, ganhou outros dois.
Mas o que havia recebido um, indo-se com ele, cavou na terra, e escondeu ali o
dinheiro de seu senhor. E passando muito tempo, veio o senhor daqueles servos,
e chamou-os a contas. E chegando-se a ele, o que havia recebido os cinco
talentos, apresentou-lhe outros cinco talentos, dizendo: Senhor, tu me
entregaste cinco talentos; eis aqui tens outros cinco mais que lucrei. Seu
senhor lhe disse: Muito bem, servo bom e fiel; já que foste fiel nas coisas
pequenas, dar-te-ei a intendência das grandes; entra no gozo do teu senhor. Da mesma forma apresentou-se também o que
havia recebido dois talentos, e disse: Senhor, tu me entregaste dois talentos,
e eis aqui tens outros dois que ganhei com eles. Seu senhor lhe disse: Bem
está, servo bom e fiel; já que fostes fiel nas coisas pequenas, dar-te-ei a
intendência das grandes; entra no gozo de teu senhor.
E chegando também o que havia recebido
um talento, disse: Senhor sei que és homem muito exigente e temendo escondi
o teu talento na terra; eis aqui tens o que é teu. E respondendo o seu senhor,
lhe disse: Servo mau e preguiçoso sabia que sou muito exigente, devias,
portanto, dar o meu dinheiro aos banqueiros, e vindo eu, teria recebido
certamente com juro o que era meu. Tirai-lhe, pois, o talento, e dai-o ao que
tem dez talentos. Porque a todo o que tem, dar-se-lhe-á, e terá em abundância;
e ao que não tem, tirar-se-lhe-á até o que parece que tem. E ao servo inútil,
lançai-o nas trevas exteriores: ali haverá choro e ranger de dentes. (Mateus, XXV:
14-30 com adaptações que não alteram o sentido).
TENDO
MEDO
Emmanuel
"E, tendo, medo, escondi na
Terra o teu talento..."
Mateus XXV: 25.
Mateus XXV: 25.
Na parábola
dos talentos, o servo negligente atribui ao medo a causa do insucesso em que se
infelicita.
Recebera
mais reduzidas possibilidades de ganho.
Contara
apenas com um talento e temera lutar para valorizá-lo.
Quanto
aconteceu ao servidor invigilante da narrativa evangélica!
Há muitas
pessoas que se acusam pobres de recursos para transitar no mundo como
desejariam.
E
recolhem-se à ociosidade, alegando medo da ação.
Medo de
trabalhar.
Medo de
servir.
Medo de
fazer amigos.
Medo de
desapontar.
Medo de
sofrer.
Medo de
incompreensão.
Medo da
alegria.
Medo da dor.
E alcançam o
fim do corpo, como sensitivas humanas, sem o mínimo esforço para enriquecer a
existência.
Na vida
agarram-se ao medo da morte.
Na morte,
confessam o medo da vida.
E a pretexto
de serem menos favorecidos pela natureza, transformam-se gradativamente, em
campeões da inutilidade e da preguiça.
Se
recebeste, pois mais rude tarefa no mundo, não te atemorizes à frente dos
outros e faze dela o teu caminho de progresso e renovação. Por mais sombria
seja a estrada a que foste conduzido pelas circunstâncias enriquece-a com a luz
do teu esforço próprio no bem, porque o medo não serviu como justificativa
aceitável no acerto de contas entre o servo e o Senhor.
Livro Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel.
Psicografia Francisco C. Xavier
Como então transformar nosso medo em medo saudável? Há uma
resposta: confiar sempre em Deus, Ele que nunca nos desampara; saber que temos
uma função importante no universo e mantermo-nos atentos aos chamados do Cristo
em relação aos nossos compromissos reencarnatórios. Estabeleçamos um compromisso íntimo com Jesus e busquemos
o apoio necessário nos amigos – encarnados e desencarnados – para desempenhar nossos
trabalhos, pois todos os trabalhos são importantes.
Yvonne do Amaral Pereira deu-nos um exemplo magnífico ao
psicografar e analisar o livro Memórias de um Suicida, considerado por Chico
Xavier a obra que melhor retrata as regiões espirituais inferiores. Recebeu o
livro aos 26 anos e o analisou por 30 anos, quando em 1956 foi publicado pela
FEB. E se ela tivesse medo de psicografar? E se ela, antes de analisar com
critério, achasse que era vítima de uma mistificação? Agradeçamos a Deus que
Yvonne soube cultivar o medo saudável da prudência e da ordem e não o medo que
leva a negação e a fuga em nome da disciplina aparente.
Yvonne, estudiosa de Kardec, conhecia o texto O Mal do Medo, que apresentamos em
seguida.
O mal do medo
Revista Espírita, outubro de 1858.
Problema fisiológico dirigido ao Espírito de São Luís, na sessão
da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, de 14 de setembro de 1858.
Leu-se no Moniteur de 26 de novembro de 1857:
"Comunicam-nos o fato seguinte, que vem confirmar as observações
já feitas sobre a influência do medo.
"O senhor doutor F... entrou ontem em sua casa depois de
fazer algumas visitas aos seus clientes. No seu percurso lhe haviam entregue,
como amostra, uma garrafa de excelente rum, autenticamente vindo da Jamaica. O
doutor esqueceu na viatura a preciosa garrafa.
Mas, algumas horas mais tarde, lembrou-se desse esquecimento e
procurou a restituição, onde declarou ao chefe da estação que deixou em um de
seus cupês uma garrafa de um veneno muito violento, e o exorta a prevenir os
cocheiros para darem a maior atenção em não fazerem uso desse líquido mortal.
"O doutor F... entrara apenas em seu apartamento, quando
vieram preveni-lo, a toda pressa, que três cocheiros da estação vizinha sofriam
horríveis dores nas entranhas. Teve que se esforçar muito para tranquilizá-los
e persuadi-los de que haviam bebido excelente rum, e que sua indelicadeza não
poderia ter consequências mais graves além de uma suspensão, infligida
imediatamente aos culpados."
1. - São Luís poderia nos dar uma explicação fisiológica dessa
transformação das propriedades de uma substância inofensiva? Sabemos que, pela
ação magnética, essa transformação pode ocorrer; mas no fato relatado acima,
não houve emissão de fluido magnético; só a imaginação atuou e não a vontade.
R. - Vosso raciocínio é muito justo com respeito à imaginação. Mas
os Espíritos malignos que levaram esses homens a cometerem esse ato de
indelicadeza, fizeram passar no sangue, na matéria, um calafrio de medo que
poderíeis chamar calafrio magnético, o qual estende os nervos e causa um frio
em certas regiões do corpo. Ora, sabeis que todo frio nas regiões abdominais
pode produzir eólicas. É, pois, um meio de punição que, ao mesmo tempo, leva os
Espíritos que fizeram cometer o furto, a rirem à custa daqueles que fizeram
pecar. Mas, em todos os casos, não se segue a morte: não há senão uma lição
para os culpados e prazer para os Espíritos levianos. Também se apressam em
recomeçar todas as vezes que a ocasião se lhes apresente; procuram-na mesmo
para sua satisfação. Podemos evitar isso (falo por vós), em nos elevando para
Deus por pensamentos menos materiais do que aqueles que ocupam o espírito
desses homens. Os Espíritos malignos gostam de rir; mantendo-vos em guarda: tal
que crê dizer uma coisa agradável diante das pessoas que o cercam, aquele que
diverte uma sociedade por seus gracejos ou seus atos, se engana frequentemente,
e mesmo muito frequentemente, quando crê que tudo isso vem de si. Os Espíritos
levianos que o cercam se identificam com ele mesmo e, frequentemente,
alternativamente o enganam sobre seus próprios pensamentos, assim como aqueles
que o escutam. Credes, nesse caso, ter pela frente um homem de espírito, ao
passo que, com mais frequência, não é senão um ignorante.
Descei
em vós mesmos, e julgareis as minhas palavras. Os Espíritos superiores não são,
por isso, inimigos da alegria; algumas vezes gostam de rir também para vos ser
mais agradáveis; mas cada coisa em seu tempo.
Nota.
Dizendo que no fato reportado não havia emissão de fluido
magnético talvez estivéssemos inteiramente na verdade. Arriscaremos aqui uma
suposição. Sabe-se, como o dissemos, qual transformação das propriedades da
matéria pode-se operar pela ação do fluido magnético dirigido pelo pensamento.
Ora, não se poderia admitir que, pelo pensamento do médico que quisesse fazer
crer na existência de um tóxico, e dar aos gatunos as angústias do
envenenamento, ocorrera, embora à distância, uma espécie de magnetização do
líquido que teria adquirido novas propriedades, cuja ação encontrar-se-ia
corroborada pelo estado moral dos indivíduos, tornados mais impressionáveis
pelo medo. Essa teoria não destruiria a de São Luís quanto à intervenção em
semelhante circunstância; sabemos que os Espíritos agem fisicamente por meios físicos;
podem, pois, se servirem, para cumprirem seus desígnios, daqueles que provocam,
ou que nós mesmos lhes fornecemos com o nosso desconhecimento.”
Peço a atenção ao amigo leitor para o método de Kardec. Após analisar uma notícia jornalística, debate suas análises ao espírito São Luís.
Em uma linguagem atual, diríamos que ele estava problematizando e vivenciando a convergência e a solução
doutrinária como sugerimos em nossa obra Reflexões Educacionais I e II.
Onde
há o medo, perdemos o caminho do nosso espírito.
Gandhi.
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