No excelente livro A
Grande Espera de autoria de Eurípedes Barsanulfo, psicografia de
Corina Novelino, temos a surpreendente e empolgante história da relação dos
essênios com o cristianismo, bem como, a relação de importantes trabalhadores
do movimento espírita com Jesus no período em que esteve na Terra.
O título do livro
refere-se à espera dos essênios pelo Cristo, pois eles sabiam que a Grande
Estrela já estava reencarnada e procuravam-no em todos os lugares. A
busca pelo Cristo já prova a elevação desse grupo de iniciados, mas o livro
também narra o dia a dia do povoado essênio em que Marcos ingressou, ainda
adolescente, após vivenciar uma tragédia familiar. O povoado era conduzido pelo
sábio Lisandro, espírito com profundo conhecimento espiritual e imensa
capacidade de amar. O livro é uma saga de espíritos sábios e corajosos
que lutam para encontrar o Cristo e ter a honra de servir inspirados por Seu
amor. Sem os essênios o cristianismo primitivo seria muito limitado.
Hoje, curiosamente,
muitos destes espíritos atuam diretamente no Movimento do Consolador. O período
que vivemos possui semelhanças históricas com a época do Cristo no que se
refere às profundas transformações sociais e espirituais que devemos vivenciar.
Talvez, por isso, Lisandro – Bezerra de Menezes e Marcos – Eurípedes Barsanulfo
tenham participado do início do Movimento Espírita no Brasil e, atualmente, nos
dirijam da espiritualidade.
É com alegria que compartilho com vocês
um trecho do livro A Grande Espera, do Instituto de Difusão
Espírita – IDE.
O diálogo entre o ancião Lisandro e o
adolescente Marcos muito tem a nos ensinar.
Boa semana, amigos!
A convite de Lisandro, Marcos sentava-se
todas as tardes à soleira da porta modesta, após os trabalhos santificantes do
dia.
Ali conversavam horas inteiras até o
final da primeira vigília noturna, quando as estrelas já haviam tomado posição,
no eterno cortejo de luzes pelo firmamento sem mácula.
O menino adorava as informações acerca
dos companheiros de ideais do generoso ancião.
Ficara sabendo que a seita era
relativamente nova, havendo surgido depois de outras facções religiosas de
Judéia - a dos saduceus e a dos fariseus – cujos princípios divergiam
frontalmente da fúlgida seita de Lisandro.
O ancião confiara ao pequeno discípulo
que o Pai incumbira-os da tarefa do preparo dos corações para o advento da
Grande Estrela. Porque as consciências carregavam-se de pecados e as mentes
precisavam da iluminação pelos conhecimentos espirituais, a fim de que o Viajor
Celeste encontre o caminho terreno mais arejado, os corações preparados para o
entendimento da Grande Lição redentora.
Para a concretização do objetivo
sublime aqueles homens vieram de outras terras, reunindo-se sob os céus de
Israel, cujo solo receberia a graça de ser pisado pelo Messias. Procediam esses
missionários da Vontade Divina da vários países, tais como: Pérsia, Síria,
Grécia, Alexandria e outros centros avançados do saber humano, trazendo imenso
cabedal de experiências científicas e filosóficas, que oferecem a quantos
desejem receber a dádiva do conhecimento.
Os olhos de Marcos tornavam-se
chamejantes, qual belo par de setas, que ganhassem viagem, sem saber até que
ponto e distância a força penetrante do entusiasmo as conduzirá.
O menino sentia-se altamente preocupado
em ouvir Lisandro. Como a doce voz do ancião lhe penetrava o íntimo!
A tarde do décimo dia de permanência de
Marcos, na morada singela de Lisandro, fora-lhe particularmente inesquecível.
Achavam-se sentados à soleira humilde e
o Sol descambava no horizonte límpido, semelhando-se a gigantesca tocha às mãos
de prodigioso corredor, a empreender fantástica maratona, pelos caminhos
conhecidos do campo celeste. O crepúsculo propiciava temperatura ligeiramente
amena.
Os dois companheiros contemplavam a
descida do Astro da Vida, com sagrado respeito, sob as harmonias do silêncio.
Muito tempo ficaram no recolhimento estático, como que receosos de quebrar o
encantamento daquele divino instante.
Lisandro observou, em voz baixa:
- Marcos, meu filho, sentimos a
grandeza indefinível do Poder Divino. Todavia, bem pouco conhecemos dessa
Potência, que nos oferece tantas maravilhas...
Após ligeira pausa, o ancião concluiu:
- Teu coração conhece agora a presença
do Pai Divino – Único e Eterno – e não podes duvidar da Sua Onipotência...
- Sim, amado mestre, depois que me
mostrastes tantos testemunhos do Poder Superior, como duvidar d´Ele? – anuiu
o menino, com olhos postos na linha do horizonte, onde o atleta miraculoso
penetrava o último marco da corrida espetacular, conduzindo à meta final a
tocha do triunfo...
- Agora, meu filho, torna-se
imprescindível a tua entrada no terreno prático do aprendizado. Amanhã mesmo
conduzir-te-ei ao nosso povoado, não longe daqui. Entrarás em contato com
outros meninos de tua idade, aprendizes dos princípios vigentes em nossa seita,
segundo os quais todo candidato à espera da Grande Estrela deve preparar-se
para o evento sublime. Todos estudam com alegria as ciências fundamentais e
penetram o mundo encantador dos sons, aprimorando a divina arte musical. Quando
o Cordeiro de Deus chegar é necessário encontre os pastores, entoando belas
melodias nas avenas humildes, enquanto o aprendiz dedica-se também à lavoura,
aos trabalhos de tear e cerâmica. O lema daquele que aguarda a chegado do
Messias nesta seita é: mente e mãos ocupadas, sob a grande voz do
silêncio.
As últimas palavras de Lisandro foram
sublimadas por significativo sorriso.
Marcos indagou, ansioso:
- Ficarei lá, então? Oh, sofrerei muito
se tiver de deixar-vos!
Lisandro estremeceu, mas reaprumou-se logo, observando carinhoso:
- Será o primeiro sacrifício, meu
filho. Saibas que muitos outros serão exigidos de tua coragem, que se
fortalecerá no devotamento à causa da Grande Espera, através do
trabalho e do estudo. Todavia, amado filho, não nos assiste o direito de
violentar-te a vontade. Farás o que a consciência aconselhar-te. O livre
arbítrio é sagrada faculdade, doada à criatura por divina concessão...
Os olhos expressivos de Marcos
brilhavam, demorando-se na primeira estrela, que surgira de inopino no céu sem
nuvens. O olhar molhado semelhava-se-lhe ao oceano: refletia na superfície
azulada a profunda agitação interior.
Como dizer a Lisandro que não desejava,
por nada no mundo, sair-lhe do lado?
Mas sabia que o amigo não aconselhava
uma coisa injusta. Tudo que falava era certo. Terrivelmente exato e
necessário... Como foram suaves e bons aqueles dias de convívio com Lisandro!
Certamente não teria o menino outros semelhantes nunca mais...
A essa altura das ilações silenciosas
de Marcos, o ancião obtemperou, indo-lhe, mais uma vez, ao encontro dos
pensamentos doloridos:
- Os teus dias, meu filho, serão sempre
luminosos. Mesmo quando tiverdes de provar o cálice do sacrifício supremo.
Aquele que espera o divino Enviado nos trabalhos sublimes da própria
santificação, jamais terá tristezas duradouras. Estas serão passageiras como os
ventos frios e esporádicos, que descem do norte, e são envolvidos pelas brisas
mornas do sul.
O menino assombrou-se com a singular
faculdade do ancião de penetrar-lhe os mais íntimos pensamentos, embora houvesse
recebido outros atestados, em várias oportunidades.
- Como podeis sondar-me os
pensamentos mais escondidos, Mestre? – indagou Marcos emocionado.
- Teu coração é um livro aberto para o
meu. Nele leio como se tivesse diante dos olhos a página querida de um livro
precioso. Porque nos entendemos e nossas almas se entrelaçam em raízes muito
antigas, que vitalizam a grande árvore do Amor, dentro do solo dos séculos...
(Extraído do capítulo 11 do livro A Grande Espera,
IDE).
2 comentários:
Mas a encarnação de Bezerra de Menezes não era Ezequiel?
Não poderia ser Zaqueu uma vez que Emmanoel confirmou ser Lisandro
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